São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itamar estuda entrar em pequeno partido

Estratégia evitaria disputa interna

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A JUIZ DE FORA (MG)

O ex-presidente Itamar Franco analisa a possibilidade de se filiar a um pequeno partido no próximo ano em vez de escolher uma grande legenda. Entre as legendas em estudo, estão PL, PSB, PV e PPS.
Hoje, Itamar está muito ligado ao PMDB -já foi convidado várias vezes a regressar ao partido. Além disso, o candidato que ele apóia em Juiz de Fora (MG) -seu reduto eleitoral-, Tarcísio Delgado, é peemedebista histórico.
Mas, segundo amigos que têm conversado com Itamar ultimamente, em vez de ter o PMDB como partido, ele prefere contar com os peemedebistas como aliados na sua eventual candidatura à Presidência da República.
A proposta ainda não está consolidada, mas segue duas lógicas dentro da carreira do ex-presidente: uma histórica e outra política.
A histórica ocorreu em dois momentos. O primeiro foi quando Itamar abandonou o PMDB, em 1986, e se filiou ao PL, pequeno até regionalmente, para concorrer ao governo de Minas Gerais. Na eleição, acabou derrotado por Newton Cardoso (PMDB).
O segundo foi quando ocupou a Presidência da República. Sem partido, Itamar formou um governo de alianças partidárias, especialmente com o apoio dos pequenos partidos de esquerda.
Alianças
A lógica política, segundo o grupo de Itamar, é das alianças. Um pequeno partido facilitaria a formação de acordos com grandes partidos, como o próprio PMDB, o PDT e até mesmo com o PT. Isso lhe garantiria expressão nacional.
Dentro dessa lógica, outro ponto que facilitaria sua pretensão de retornar à Presidência é que, numa legenda pequena, haveria internamente menos nomes disputando um cargo tão importante.
No PMDB, por exemplo, haveria antes de mais nada, uma imensa disputa interna, entre as várias lideranças regionais, para escolher os nomes dos candidatos a presidente e vice-presidente.
Itamar não tem demonstrado grande apreço a legendas partidárias. Tanto que, desde o final de 1991, quando abandonou o PRN -partido pelo qual foi eleito com o ex-presidente Fernando Collor, em 1989-, ele não voltou a ter partido.

Texto Anterior: Quando virá a freada?
Próximo Texto: Juiz nega exumação de suposto Lampião
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.