São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Maluf prepara nova fase de sua estratégia para 98

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O prefeito Paulo Maluf coloca em prática amanhã à tarde a próxima fase de sua estratégia para tentar chegar ao Palácio do Planalto.
Depois que as urnas forem fechadas em São Paulo e Celso Pitta (PPB) estiver eleito, como prevêem todas as pesquisas, Maluf vai começar a falar tudo o que segurou nos últimos 30 dias.
A estratégia do prefeito é armar tantas armadilhas quantas forem possíveis no caminho do presidente Fernando Henrique Cardoso. O objetivo imediato é atrapalhar a aprovação da emenda da reeleição.
É claro que Maluf já concluiu que não deve fazer uma abordagem truculenta, como a de 1984, quando foi acusado de aliciar deputados valendo-se de favores.
Em 84, Maluf era o candidato do PDS (hoje PPB) a presidente. A eleição ainda era indireta, no Colégio Eleitoral, dentro do Congresso.
"Não repita o Colégio Eleitoral", ouviu Maluf muitas vezes de seu publicitário, Duda Mendonça. O prefeito acatou a sugestão.
Suas táticas hoje são muito mais sutis. Por exemplo, segundo a Folha apurou, Maluf colaborou com a campanha do candidato a prefeito de Uberlândia (MG) ligado ao deputado Odelmo Leão.
Odelmo Leão é o líder do PPB na Câmara. Foi ele o responsável pela indicação dos cinco membros do PPB na comissão da reeleição.
Odelmo foi mais eficiente até do que Maluf poderia esperar. Dos cinco membros do PPB na comissão da reeleição, o líder pepebista escolheu dois indecisos e três que se dizem contrários -inclusive o próprio Odelmo.
É assim o novo estilo de Maluf. Não aparece para o grande público. Mas, por enquanto, funciona.
A próxima fase da estratégia consiste em postergar ao máximo a aprovação da emenda da reeleição. Maluf sonha com a rejeição. Mas sabe que isso é quase impossível, dado o esforço de FHC.
No dia 27 deste mês, a Executiva Nacional do PPB deve se reunir para organizar a Convenção Nacional do partido, marcada para o dia 4 de dezembro.
É quase certo que Maluf tentará fazer a Executiva Nacional votar o encaminhamento da proposta de plebiscito sobre reeleição.
Dessa forma, a Convenção Nacional do PPB poderia engessar o comportamento dos deputados do partido. Mesmo que sejam cooptados pelo Palácio do Planalto, teriam de votar a favor de um plebiscito para resolver o tema.
"Na reunião do dia 27, vamos precisar ter juízo para delimitar os campos de ação da Convenção Nacional para que não vire um palco para qualquer tipo de resultado imprevisível", diz o senador Esperidião Amin (PPB-SC).
Amin, presidente do PPB, fala com cuidado sobre o tema. Tenta agradar ao Planalto e a Maluf. Pelo menos, por enquanto.
O senador passa por dificuldades em Florianópolis. Sua mulher, Angela, disputa pelo PPB o segundo turno local. O adversário é do PT. Dependendo do resultado, Amin poderá ter uma posição mais liberal ou contrária à reeleição.

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