| São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996 |
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Júnior fez coleção de bonés dos adversários
PATRICIA ZORZAN
"Eu tentava convencer as pessoas e trocava o boné deles por um dos nossos. Explicava que o candidato deles estava em baixa e que o meu estava em alta. Tenho de todos os partidos. Até do PT, que diz que não tem boné." Assessor do prefeito Paulo Maluf desde 1992, Júnior -como é chamado pelos amigos- foi escalado para acompanhar Pitta. Ele é uma espécie de faz-tudo do candidato. Participa de encontros políticos, encaminha pedidos, providencia lanches para o prefeito e seu afilhado e, como todo cabo eleitoral, faz campanha 24 horas por dia. Mesmo sem ter vivido a pior fase do antimalufismo -quando aparecer em público ao lado do prefeito implicava riscos para a integridade física-, Júnior conta que já apanhou muito por suas ligações políticas de direita. "Mas faz parte. É até gostoso apanhar quando você está apanhando pelo Maluf e pelo Pitta. Não dói." Apesar da disposição em defender seus patrões -"Gostaria de ter vivido esse período difícil com o dr. Paulo. Era tacou, levou"-, Júnior nega incidentes durante a campanha. "Graças a Deus, ao meu anjo da guarda e a São Judas Tadeu, que me ilumina sempre." Durante as carreatas, sua estratégia para enfrentar os inimigos do prefeito é simples. "Quando alguém xinga, jogo beijos." Eleitor fiel do malufismo -"Odeio a esquerda"-, Júnior diz que tomou um "porre" quando Pitta assumiu a liderança nas pesquisas. "Chorei pra caramba. Acho que quem vota contra ele está votando contra o país. A cabeça desse homem é 10." Depois de mais de cem carreatas e 5.000 km percorridos, ele acredita que tem o melhor emprego do mundo. Mesmo a saudade da família, que não encontra há oito meses, não é suficiente para fazê-lo pensar em mudar de vida. "Amo o que faço." (PATRICIA ZORZAN) Texto Anterior: Garreta deve e não nega, mas só paga quando pode Próximo Texto: Dados sobre operações financeiras feitas por Pitta "somem" no Senado Índice |
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