São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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"Hava Naguila" vira sucesso nas pistas

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Músicas do folclore judaico ganham tempero dancing. A façanha é da banda carioca Celebrare, que lota shows no Rio de Janeiro e acaba de lançar o primeiro CD (Hava Naguila).
A Celebrare foi montada há dois anos, pelos amigos de infância Edu Lissovsky (baterista) e Marco Manela (vocalista), ambos judeus.
O objetivo era animar festas judaicas -casamentos e barmitvás- com covers dançantes de Earth Wind and Fire, Donna Summer e músicas judaicas. A colônia aprovou.
Até a banda ser "apadrinhada" por Ricardo Amaral, empresário da noite, que os convidou para abrir o show de Barry White, no Metropolitan, no Rio de Janeiro.
O repertório em hebraico e iídiche caiu no gosto do público, e a banda resolveu gravar um CD, cuja capa é a representação de um "menorah" (candelabro judeu).
'Hava Naguila'
Estão lá as tradicionais "Simantóv U Mazeltóv", usada para parabenizar noivos e aniversariantes, e "Az de Rebé Zingt", cantada em iídiche. "Yô, Yá", hit em Israel na década de 70, ganhou uma levada latina. "Haleluia" virou blues.
A banda não se esqueceu de incluir "If I Where a Rich Man", música tema do filme "Um Violonista no Telhado".
E qual música não poderia faltar? "Hava Naguila", a notória música judaica que foi tema do "strip" de Demi Moore, deliciando o espectador que cultua a plasticidade da coisa, em "Striptease".
No CD, "Hava Naguila" ganhou duas versões -uma mixada por Marcello Mansur (Memê), o papa do mix "bum-tchi-bum" das noites cariocas.
A banda ainda anima festas. Mas também lota shows, como na festa dos 25 anos da Mikson (empresa de Ricardo Amaral), no Moinho Santista, em São Paulo, há dois meses.
No Rio, cumprem uma agenda carregada -acabaram de ficar três temporadas no Ritmo (casa noturna).
Edu Lissovsky, um dos fundadores da banda, falou à Folha, por telefone, do Rio.
*
Folha - Vocês são judeus praticantes?
Edu Lissovsky - Não sou frequentador da colônia. O Marco (vocalista) sim. Ficamos amigos no Hazit, movimento jovem judaico, há muitos anos.
Folha - Vocês sempre tocaram?
Lissovsky - Vivo de música há 15 anos. Primeiro, toquei na banda de rock Doutor Silvana. Depois, toquei com Fábio Júnior, Joana e Fagner. Montei um estúdio, aqui no Rio, o Floresta, onde Milton Nascimento, Gal, Betânia e outros ensaiam.
Na banda, cada um tem várias informações. A tecladista vem da música clássica.
Folha - Quando começaram a mudar os arranjos das músicas judaicas?
Lissovsky - Nas festas, a banda começou a se soltar. Gostamos de músicas do pop americano. Tocávamos Earth, Wind and Fire. Mas, as judaicas, tocávamos de forma tradicional.
Foi no CD que botamos a cara da banda. Hoje, já tocamos nas festas com a nossa levada.
Folha - E receberam protestos dos mais tradicionais?
Lissovsky - Não sei. Não tivemos nenhum comentário dos ortodoxos. Já fizemos festas com eles presentes.
Mas veja bem, não tocamos músicas religiosas. Algumas falam de Deus, que o Messias está chegando. Mas não são músicas de sinagoga, mas de festas alegres.
Folha - Vocês falam a língua?
Lissovsky - Aprendi na escola, mas já esqueci. O Marco fala. Ele já esteve em Israel.
Folha - "Hava Naguila" não é de domínio público?
Lissovsky - Pois é, eu também achava que era parte do folclore, mas a gravadora diz que não. Fala-se que foi mutreta de alguém, que a registrou.

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