São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Especialistas põem em dúvida o efeito da propaganda na TV

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudiosos sobre o poder da televisão afirmam que o veículo exerce pouca influência na hora do voto.
"A propaganda eleitoral tem uma certa eficácia, mas não tão grande quanto se pensa", diz Maria Thereza Fraga Rocco, professora de Educação da USP e especialista em linguagem de TV.
"Você pode acompanhar a propaganda comendo, no telefone, conversando. Além disso, há convicções que nem sempre são passíveis de mudança tão rápida."
Pesquisa
Pesquisa realizada por telefone entre 4 e 8 de novembro confirma a tese dos estudiosos.
A predileção pela propaganda petista e o alto interesse demonstrado pelo horário gratuito não representaram, entretanto, alterações significativas na intenção de voto do eleitorado.
Vencedor do primeiro turno, Pitta lidera as pesquisas, conforme indica o Datafolha.
Segundo Sônia Irene Silva do Carmo, professora da Unesp com tese em discursos políticos, o marketing age apenas sobre eleitores já identificados com o candidato.
"A propaganda só potencializa o discurso do político nos eleitores com predisposição em relação a ele", explica Sônia.
Mensagens
No geral, as mensagens do pepebista foram mais bem avaliadas do que as de Erundina. O discurso de Pitta sobre a continuidade da gestão malufista ganhou a aprovação de mais de dois terços dos entrevistados (67%).
As propostas de mudança da petista e seus ataques ao adversário receberam a aprovação de 52% dos pesquisados pela IGL.
"O eleitor não gosta de candidato agressivo, que perde as estribeiras. Isso pode levar a uma imagem de pessoa violenta", diz Sônia.
Conforme dados do instituto de pesquisa, as principais críticas ao programa de Pitta são quanto ao seu caráter eleitoreiro.
As manifestações negativas sobre a propaganda petista se referem ao fato de que Erundina deveria ter cumprido suas promessas quando esteve na prefeitura.
O jingle "Se você pensa que o Pitta apita", veiculado pelo PT, foi avaliado negativamente por 35% dos entrevistados.
A música foi considerada repetitiva e prejudicial ao partido, já que atinge "a pessoa do adversário". Para os 32% favoráveis, a idéia foi "divertida".
Quando se referiu a Pitta como alguém com "cabeça e o comportamento de um branco safado", Erundina foi reprovada por 32% dos pesquisados. A declaração foi classificada como inútil e racista.
O pedido de desculpas da petista foi interpretado como um ato de coragem por 2% dos entrevistados. Outros 6% desaprovaram a atitude. De acordo com eles, não se pode voltar atrás nas declarações.

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