São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Suplicy não consegue obter o documento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de 25 horas de busca frenética, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encerrou o dia de ontem sem conseguir o documento do Ministério da Fazenda sobre operações da Prefeitura de São Paulo com títulos municipais.
O 1º secretário da Mesa Diretora do Senado, Odacir Soares (PFL-RO), viajou para Rondônia na noite de quarta-feira com a cópia do documento em sua pasta.
O governo federal recusou-se a enviar outra cópia ao senador, alegando que havia cumprido sua parte ao entregar o documento às 19h de anteontem ao Senado.
Em ofício endereçado a Suplicy, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, afirma que os originais do documento do Banco Central estavam em poder do ministro da Fazenda, Pedro Malan, em São Paulo.
"Está sendo providenciada, neste momento, a ida à cidade de São Paulo, com máxima urgência possível, do servidor deste ministério para obtenção dos originais", diz o ofício assinado no final da tarde.
Suplicy definiu o episódio como kafkiano e acusou o governo de estar escondendo o documento. Cobrou até do presidente Fernando Henrique Cardoso novo encaminhamento das informações.
As informações pedidas por Suplicy serviriam para esclarecer se houve ou não irregularidade na operação de compra e venda de LFTM (Letras Financeiras do Tesouro Municipal), em 93, quando o secretário de Finanças de São Paulo era Celso Pitta.
Às 20h, Suplicy, que manteve a sessão do Senado aberta durante toda a tarde à espera do documento, desistiu. Senadores governistas que tiveram acesso ao documento afirmaram à Folha que as informações prestadas pelo Banco Central não são conclusivas.
Após ficar até de madrugada procurando Odacir Soares e sua chefe de gabinete, Analice Pinheiro, em suas respectivas casas, Suplicy começou o dia cedo. Às 9h30, voltou à 1ª Secretaria e teve uma discussão com Analice.
Suplicy e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tentaram localizar o 1º secretário, que havia viajado a Porto Velho e Cabixi (RO) em um jatinho.
O presidente do Senado criticou o governo. "O ministério não podia ter enviado cópia. E precisava ter encaminhado antes das 18h, quando termina o expediente."
Já FHC eximiu o governo de qualquer culpa. "O ministério enviou os dados dentro do prazo para o 1º secretário do Senado e recebeu o recibo de entrega dos documentos. O Executivo não pode fazer mais nada", disse o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral.

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