São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Gallimard é impedido de visitar Marrocos

BETINA BERNARDES
DE PARIS

Antoine Gallimard, da editora Gallimard, uma das mais importantes da França, deixou o Marrocos pouco mais de 24 horas após sua chegada ao país para o Salão Internacional do Livro, em Casablanca.
O editor foi interpelado pela polícia e ficou 18 horas sob vigilância. Em 91, Gallimard teve seu nome incluído na listagem de "persona non grata" do país, por ter editado o livro "Notre Ami, le Roi" (Nosso Amigo, o Rei), de Gilles Perrault.
O livro faz críticas ao regime marroquino.
O nome de Gallimard foi retirado da lista após gestões da Embaixada da França no Marrocos junto ao governo. A embaixada convidou então o editor a participar do salão.
Em depoimento ao jornal "Libération", Gallimard classificou o incidente de "escandaloso".
Segundo conta o editor, ele chegou na manhã do último domingo ao Marrocos.
Passou pelos controles alfandegários e policiais e foi para seu hotel, onde foi informado que seu quarto estava ocupado.
Ele afirma que deixou o passaporte e a mala na recepção do hotel e foi para salão do livro.
Já na feira, recebeu um recado que era esperado com urgência no hotel, para onde seguiu. Ao chegar lá, ele conta que encontrou policiais.
Eles teriam lhe dito que uma de suas malas havia ficado no aeroporto, o que estava perturbando o tráfego aéreo.
Gallimard afirma que carregava apenas uma bagagem, a que estava no hotel.
O editor diz que teve seu passaporte confiscado e foi obrigado a acompanhar os policiais até o aeroporto, onde ficou em um local isolado das 16h até as 2h de segunda-feira.
Segundo Gallimard, os policiais lhe disseram que ele era objeto de um procedimento judiciário e que seria expulso.
Ele foi levado de volta ao hotel, onde afirma ter ficado novamente isolado, com quatro guardas vigiando.
A Embaixada da França teria contactado o Ministério do Interior do Marrocos, que liberou o editor.
Gallimard diz que não recebeu nenhuma explicação oficial sobre o incidente.
A Folha ligou para a Embaixada do Marrocos na França e foi informada que a pessoa que poderia falar sobre o assunto não estava na embaixada.

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