São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Zaire aponta 'repúdio mundial'

LUCIA MARTINS
DA ENVIADA ESPECIAL

O vice-primeiro-ministro do Zaire, Mutombo Bakafwa Nsenda, afirmou ontem que o país só recebe indiferença da comunidade internacional e até um "certo repúdio mundial".
"A ONU e o mundo não reconhecem a situação do Zaire", disse ontem no segundo dia da conferência mundial da FAO em Roma.
Ele lembrou que, nos últimos cinco anos, o país vive crises ininterruptas, que levaram "a uma acelerada desvalorização da moeda, causando desequilíbrio da balança comercial e hiperinflação."
No fim do discurso, ele fez um apelo para que todos os alimentos que são distribuídos no Zaire passem a ser levados para os países de origem dos refugiados (Ruanda e Burundi). O Zaire vem tentando convencer os refugiados a voltar a seus países de origem.
Ontem, estava previsto o discurso do primeiro-ministro do Zaire, Kengo wa Dondo, mas ele foi substituído pelo vice, uma mostra do pessimismo do país em relação à conferência.
A crise dos refugiados de etnia hutu no leste do Zaire fez com que o país se tornasse um dos pontos centrais desta conferência. A ONU diz que mais de 1 milhão de pessoas corre o risco de morrer de fome na região.
O ministro da Agricultura da Bósnia, Refik Numic, aproveitou a reunião para agradecer à comunidade internacional pela comida enviada durante os quase quatro anos de guerra civil no país.
Segundo ele, a ajuda humanitária ajudou a população do país "a sobreviver ao horror da agressão e superá-lo".
ONGs
As organizações não-governamentais que estão reunidas em fóruns especiais em Roma prepararam ontem um documento criticando a reunião da FAO.
Elas pedem mais compromisso dos países ricos e que o processo de ajuda aos cerca de 800 milhões de famintos seja acelerado.
Segundo elas, os Estados Unidos e a Europa têm resistência a ações conjuntas (como a proposta pela FAO) porque acreditam que os países pobres "querem tirar mais dinheiro deles".
A comissão brasileira de ONGs é a maior em Roma. São cerca de 30 pessoas. Ontem, o prefeito de Roma, Francesco Rutelli (PV), convocou uma manifestação às 18h na cidade para pedir que as dívidas externas dos países pobres sejam perdoadas.
(LM)

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