São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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TRAGÉDIA AFRICANA

Zaire, Ruanda, Burundi. Esses três países centro-africanos protagonizam uma das maiores tragédias deste século. Nos últimos três anos, mais de 1 milhão de pessoas morreram nas três ex-colônias belgas devido a conflitos entre membros das etnias tutsi e hutu. Apesar de inúmeros apelos, as grandes potências não conseguiram sequer sinalizar uma saída para o problema.
Desde que os presidentes do Burundi e de Ruanda, ambos hutus, foram assassinados, em abril de 94, massacres e fugas de civis tornaram-se constantes. O que começou com uma disputa pelo poder acabou transformando-se em uma calamidade de grandes proporções.
Durante a guerra civil em Ruanda, que se seguiu à morte de seu presidente, vencida pela minoria tutsi, os derrotados hutus foram acusados de matar mais de 500 mil tutsis. Tiveram de fugir do país e se refugiar no leste do vizinho Zaire. Ali tornaram-se vítimas da fome e do cólera.
Dois anos e meio depois, refugiados hutus continuam em campos no Zaire, ameaçados por tutsis, e uma guerra entre Zaire e Ruanda quase se consumou. Segundo a ONU, 155 mil adultos e crianças morrem por mês de fome nos campos zairenses.
Tal quadro exige ação urgente da comunidade internacional para tentar conter a mortandade na área. Os EUA confirmaram que estarão na missão humanitária, comandada pelo Canadá, prevista para levar alimentos à região. O presidente Fernando Henrique Cardoso, solicitado pelo governo canadense a fornecer brasileiros à operação, sinalizou que o pedido poderá ser atendido.
O mundo tem um compromisso com as vidas perdidas na África Central, vítima no passado de um colonialismo indiscriminado. O Brasil, dentro de suas limitações, deve auxiliar em missões pacíficas que visem evitar um número maior de mortos. A população civil hutu ou tutsi, independentemente de seus governos, precisa ser assistida, em mais um capítulo desta tragédia africana. Que a comunidade internacional colabore para que seja o último.

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