São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vale poderá vetar acesso a dado sigiloso

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Companhia Vale do Rio Doce é que vai definir o que considera informação sigilosa ou não, dentre aquelas a serem vendidas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a partir de segunda-feira.
Anteontem, a Justiça Federal de Brasília concedeu liminar proibindo a divulgação de informações estratégicas sobre a Vale.
A liminar foi concedida pelo juiz Novély Vilanova da Silva Reis, da 7ª Vara Federal de Brasília, no princípio da noite de anteontem.
Os dados seriam fornecidos por um serviço chamado "data room", pelo qual interessados na compra da empresa, a ser privatizada no primeiro semestre do próximo ano, pagariam R$ 150 mil ao BNDES pelas informações.
Também será exigido que o interessado disponha de R$ 500 milhões em caixa e que não negocie ações da estatal no prazo de seis meses após a consulta.
Contratos
Segundo o deputado Luiz Gushiken (PT-SP), autor da ação cautelar com pedido de liminar, a definição do que é estratégico ou não caberá à própria Vale.
A Folha apurou que a estatal quer manter em reserva, principalmente, os dados sobre contratos com outras empresas.
Esse é o espírito da carta que o presidente da Vale, Francisco José Schettino, enviou ao presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, com data de 6 de novembro, criticando a oferta de informações no "data room".
A Vale teme o vazamento de acordos comercias em andamento ou em fase final de conclusão, além de dados sobre os custos financeiros e comerciais desses acordos.
"Isso daria aos concorrentes da Vale a chance de tomar a dianteira e de negociar os mesmos contratos, em condições melhores, com parceiros da estatal", afirmou o deputado petista.
Gushiken aguarda para o início da semana a contestação do presidente do BNDES à decisão de suspender a venda de informações.
Alerta
Na carta que enviou ao presidente do BNDES, Schettino diz que a venda de informações poderia acarretar prejuízos para a empresa e para os próprios acionistas.
O presidente da Vale diz ainda que nem mesmo as medidas de segurança adotadas pelo BNDES impediriam o vazamento dos dados.
Pelo contrato, os interessados, além de ficarem seis meses sem poder negociar ações da Vale, teriam de assinar um compromisso de não divulgar as informações.

Texto Anterior: "Na minha família ninguém é frouxo"
Próximo Texto: Governo negocia emendas de R$ 2,8 bi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.