São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996 |
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"Na minha família ninguém é frouxo"
WILLIAM FRANÇA
Sempre com uma resposta afiada para rebater o que chama de "histórias da carochinha" sobre o seu pai, Expedita não aceita outra versão para a morte dele além da oficial, segundo a qual Lampião foi decapitado na grota do Angico, em Poço Redondo (SE), em 1938. Leia abaixo trechos de entrevista concedida à Folha: Folha - A sra. acredita que seu pai tenha conseguido fugir ao cerco em Angico? Expedita Ferreira Nunes - Isso é história da carochinha. Isso está que nem um coito (segundo ela, um bocado de gente fofocando). Folha - Por que a sra. não tem dúvidas de que ele foi morto em 1938? Expedita - O meu pai, o que eu conheço pela história, era um homem, não um frouxo nem um covarde para viver esse tempo todo fugindo. Quando eu era pequena e ele era perseguido pelas volantes (polícia), sempre que podia vinha me visitar. Ele não ia me largar e nunca mais me ver, assim, depois. Folha - Pelo que o fazendeiro contou antes de morrer, ele temia represálias pelos crimes cometidos à época do cangaço. Expedita - Mas ele já tinha sido anistiado pelo presidente Getúlio Vargas. Não tem porque vir com essa conversa de medo desses crimes. Na minha família não tem ninguém frouxo. Folha - O que a sra. diz dos exames feitos com algumas fotos que indicam semelhança entre Lampião e o fazendeiro morto em Minas Gerais? Expedita - Bobeira. Muita gente diz que eu sou irmã da Sila (ex-cangaceira, ainda viva, residente em São Paulo), que sou a cara dela. Mas não tem nada a ver, tem tanta gente que é parecida com outra. Folha - Por que a sra. acha que só agora essa história foi revelada? Expedita - Tem gente interessada em ganhar com isso. Além disso, só tem eu e a Sila para rebater essa história. Muita gente que viveu com ele já morreu. Texto Anterior: Fotógrafo pediu exumação de fazendeiro Próximo Texto: Vale poderá vetar acesso a dado sigiloso Índice |
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