São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Buenos Aires exibe 'Paris' para comitê

Comitê faz visita no dia 25

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Palacetes do início do século, bairros nobres e de classe média, parques arborizados e a reurbanizada costa do rio da Prata.
Esse é o cenário escolhido para que os membros do Comitê Olímpico Internacional avaliem as chances de Buenos Aires abrigar os Jogos Olímpicos de 2004.
Em sua briga particular com o Rio de Janeiro, a capital argentina decidiu jogar com seus trunfos e com os pontos fracos dos cariocas.
Os problemas de Buenos Aires não chegarão aos olhos da comissão, que atravessará as ruas e construções de estilo parisiense.
O comitê organizador portenho aposta na má impressão das favelas e dos índices de criminalidade do Rio para vencer o primeiro turno da eleição olímpica.
Há 11 candidatas à sede, mas só quatro ou cinco serão pré-selecionadas em fevereiro próximo para continuar em campanha, que termina em 5 de setembro de 1997.
E só uma das três candidaturas do continente americano (Rio, Buenos Aires e San Juan de Porto Rico) sobraria para a grande final.
Corredor aristocrático
A comissão avaliadora do COI, chefiada pelo ex-esgrimista alemão Thomas Bach, desembarca na capital argentina no dia 25, depois de sua passagem pelo Rio.
Ela irá inspecionar o corredor urbano de 15 quilômetros que vai do bairro da Boca até Núnez, a parcela da cidade escolhida para receber 28 das 32 modalidades em jogo numa Olimpíada.
A área é formada pelas aristocráticas zonas de Recoleta, Palermo e Barrio Norte e Belgrano, região bem distantes das "villas miserias" (favelas) do subúrbio da Grande Buenos Aires.
Hoje, 26% da população da cidade é formada por pobres, número que vem crescendo com a recessão econômica dos dois últimos anos.
Em lugares como Fuerte Apache, conjunto habitacional tomado por grupos de narcotraficantes, a polícia nem pode entrar.
Mas as autoridades argentinas exibirão os dados de baixa criminalidade -em todo 1995, houve 190 homicídios.
Poucas construções
A austeridade é a base da estratégia da Comissão Pró-Sede Buenos Aires, planejando um custo de organização de US$ 551 milhões, a maior parte, no entanto, a cargo de particulares.
Segundo o projeto, a cidade já contaria com 75% das construções necessárias para a Olimpíada (leia texto nesta página).
O detalhe mais polêmico é a transformação do aeroporto Jorge Newbery, no centro, em um megaestacionamento, de onde sairiam ônibus para o transporte do público e dos esportistas.
Esta é a quinta vez que Buenos Aires se candidata para ser sede olímpica. Um dos argumentos para ganhar a corrida para 2004 é que a Argentina é a única nação fundadora do movimento olímpico que ainda não recebeu os Jogos.

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