São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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CD é cheio de referências

PAULO CAVALCANTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Desta vez, Innes resolveu se precaver quanto a possíveis problemas legais. Apesar das inúmeras citações e referências, "Archaelogy" é um trabalho mais sutil e não apresenta nenhuma música que seja cópia nota por nota de algo do catálogo dos Beatles.
É estranho dizer, mas esta banda fictícia parece ter adquirido identidade própria.
O CD começa com "Major Happy's Up and Coming Once Upon a Good Time Band", que é a versão Rutle para "Sgt. Pepper's Lonely Heart's Club Band".
A banda se reapresenta, dizendo o que aconteceu durante todos os anos de inatividade". Depois vem "Rendevouz", que caracteristicamente tem o mesmo andamento de "With a Little Help from My Friends".
Um barulho de jato abre "We Arrived and to Prove It We're Here", o que remete a "Back in the URSS".
O rock mais básico da era "A Hard Day's Night" e "Help!" é lembrado em "I Love You" e "Lonely-Phobia".
O estilo desajeitado de Ringo é imitado na impiedosa "Easy Listening".
A fase psicodélica dos Beatles é xerocada em "Joe Public" (que tem o mesmo clima de "Tomorrow Never Knows") e "Knicker Elastic King", que, com seus metais, cita "Penny Lane".
"Shangri-la" começa com o piano de "A Day in the Life" e termina como "Hey Jude", com direito a coral apocalíptico e duração de sete minutos.
Talvez a melhor criação do disco seja "Back in 64", um vaudeville que, logicamente, passa pela irmã gêmea "When I'm 64".
Nessa música, os Rutles colocam em xeque as grandes questões da humanidade, como o paradeiro das calças justas e dos penteados bolos-de-noiva. Talvez daqui a alguns anos eles estejam perguntando onde foi parar o Oasis.
(PC)

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