São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Eleitorado rejeita o "irismo"

LAURO VEIGA FILHO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O eleitorado de Goiânia confirmou na sexta-feira sua rejeição ao chamado "irismo", corrente política liderada pelo senador e ex-governador Iris Rezende (PMDB), ao escolher o tucano Nion Albernaz como novo prefeito da cidade.
Desta vez, Rezende não conseguiu reeditar a estratégia bem-sucedida adotada em 94, quando impôs seu vice-governador, Maguito Vilela, como candidato do PMDB às eleições estaduais daquele ano. Vilela foi eleito governador.
Na avaliação do presidente estadual do PSDB, Antônio Faleiros, o resultado das eleições, em Goiânia, confirma o que ele considera como o "ciclo de declínio do PMDB em Goiás".
Faleiros, no entanto, disse que "Iris Rezende continuará sendo uma liderança política de peso. Mas a derrota vai cobrar seu preço, impondo uma redução da força política do senador".
Por ironia, a última vitória do PMDB em Goiânia foi conquistada por Nion Albernaz, agora no PSDB e alvo de pesados ataques do mesmo PMDB neste ano.
Em 88, Albernaz derrotou Pedro Wilson (PT) por uma diferença de 11.600 votos, equivalentes a menos de 3% dos votos válidos.
Na visão do PMDB, o "irismo" não teria sido rejeitado. O partido, com Luiz Bittencourt à frente -o candidato derrotado por Albernaz-, teria ampliado sua fatia no bolo de votos da capital.
Esta análise leva em conta os resultados da eleição municipal de 92, quando Sandro Mabel (PMDB) foi derrotado pelo petista Darci Accorsi, atual prefeito, ao registrar apenas 20,6% dos votos válidos no primeiro turno e 37% no segundo. Bittencourt obteve 26,7% no primeiro turno e anotou um índice na faixa dos 40% no segundo.
Para o senador Iris Rezende, as eleições municipais refletem, sempre, situações particulares, que não se repetem e que não deverão trazer reflexos sobre o domínio exercido pelo PMDB no Estado.
O sociólogo Servito Menezes, coordenador da campanha de Albernaz neste ano, lembra outro dado para reforçar a tese de rejeição ao "irismo".
"Derrotamos duas máquinas administrativas", disse ele, referindo-se ao governo estadual e à Prefeitura Goiânia, do PT, que se aliou ao PMDB no segundo turno.

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