São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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Com mais prefeituras que PT, PSB planeja ser porta-voz da esquerda

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

Embalado pelos números das urnas, o comando do PSB pretende deslocar o PT para a condição de ator coadjuvante e assumir desde já o posto de principal partido da chamada 'èsquerda" brasileira.
Fortalecido com 153 prefeituras -o PT conta com 112 municípios-, o PSB deixa de ser "nanico" para governar capitais como Belo Horizonte, Maceió e Natal.
"Não resta dúvidas que assumimos a 'cabeça' da esquerda no momento", diz o prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, um dos líderes em alta dentro do PSB.
Responsável pela vitória direta contra o próprio PT na cidade, Lessa já trocou telefonemas com o prefeito eleito de Belo Horizonte, Célio de Castro (PSB), com quem articula o novo posicionamento do partido em relação aos petistas.
Os socialistas avaliam que somente o PSB pode se constituir uma opção de 'esquerda light", o que o PT consegue em apenas alguns setores e cidades.
Os dirigentes do PT acham que isso é possível mesmo sabendo que entre os 153 prefeitos a grande maioria se concentra em Pernambuco e muitos deles saíram da chamada "direita".
Dias de ira
'Os petistas ainda são muito raivosos", diz a prefeita eleita de Maceió, Kátia Born (PSB), vítima de um soco no rosto atribuído aos militantes do PT. Na ocasião, a candidata começava a comemorar a sua vitória, sexta-feira.
Irritado com o PT, Ronaldo Lessa mandou um recado para o presidente nacional do partido, José Dirceu, no dia da eleição: "O Zé Dirceu vai ficar sabendo o comportamento dos petistas por aqui, onde se aliou até à pistolagem."
Três dias antes do pleito, Lessa e Dirceu haviam trocado gentilezas e feito planos de alianças para o futuro. Os dois viajaram no mesmo vôo de Maceió para São Paulo.
Nos lugares onde foram adversário diretos, como Maceió e Natal, ficou uma herança de muitos conflitos. Militantes dos dois partidos se pegaram até mesmo fisicamente pelas ruas das cidades. As trocas de acusações também deixaram muitas mágoas entre socilistas e petistas. Entre os alagoanos, a corrupção foi um dos temas predominantes da campanha.

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