São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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A arte de complicar

HELCIO EMERICH

O presidente da República, como se sabe, editou medida provisória para facilitar o recolhimento dos impostos federais pelas micro e pequenas empresas, que vivem enroscadas num emaranhado de tributos (IRPJ, PIS/Pasep, IPI, CSLL, Cofins, contribuição previdenciária e outros). O objetivo é descomplicar, agrupando em um único imposto esse festival de siglas da burocracia oficial.
E dentro da idéia da simplificação, o nome para o novo regime de recolhimento poderia ser curto e enxuto, algo como "Sistema de Impostos para Microempresas".
Sabe qual o nome que os tecnocratas de plantão inventaram? "Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte". Ironia: a sigla é "Simples". A ociosidade explica.
Papel Social
O fabricante de sucos Fruiss, da França, destina uma parte da receita de suas vendas à uma fundação beneficente chamada Sabel Água Viva.
Nas embalagens dos seus produtos (à venda em algumas lojas brasileiras de importados), um texto informa ao consumidor que, todas as vezes que ele compra um suco da Fruiss, as crianças do Mali, na África, ganham mais 40 litros de água devidamente tratada.
Banespa
Está chegando ao fim o Raet do Banespa. Raet (Regime de Administração Especial Temporária) é o nome dado à intervenção do Banco Central decretada, no caso do Banespa, em 30 de dezembro de 1994.
Em meio às especulações sobre o destino do banco, ninguém se lembrou de perguntar o que o Raet fez durante todo esse tempo para melhorar a situação do Banespa.
Os interventores nomeados pelo BC (portanto pagos pelos contribuintes) se julgam no direito de não dar qualquer satisfação à opinião pública. Devem ter feito um espetacular trabalho de recuperação do banco, já que continuam pagando uma campanha de propaganda nas emissoras de rádio da capital para sugerir que, no Banespa, vai tudo de vento em popa.

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