São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um novo modelo para a gerência municipal

ÉLBIO FERNANDEZ MERA

Até poucos anos atrás, ninguém no Brasil imaginava que a administração de cidades poderia ser realizada de forma absolutamente profissional.
Por um gerente, um técnico apto a conduzir os processos relativos à gestão das cidades de forma integrada e, especialmente, despojada de qualquer caráter político.
Sob sua condução, a partir das diretrizes do prefeito, os projetos e o controle da execução de obras -consideradas, de forma global, as interfaces entre as diversas secretarias-, o "follow up" das iniciativas e o "feedback" das mesmas àqueles que, política e legitimamente, respondem pelos resultados perante o principal cliente dos serviços públicos: o cidadão.
Hoje essa possibilidade é mais que concreta e se resume à figura do gerente de cidades. Figura esta que, sem falsa modéstia, a Fiabci/Brasil teve o mérito de trazer ao Brasil, com a divulgação do conceito de "city manager".
Diversas cidades do Primeiro Mundo, notadamente nos Estados Unidos e no Canadá, contam com os serviços desse profissional. Toronto, Salinas, Miami, entre outras, são exemplos de urbes que demonstram as vantagens da administração por resultados, em que os processos não sofrem problema de continuidade, uma vez que seus gerentes, claramente capazes, permanecem por diversas gestões.
Tendência inexorável, o "city manager" prolifera pelo planeta, a ponto de já haver uma entidade que cuida do disciplinamento e da atualização da função em nível mundial: a ICMA, sigla em inglês de Associação Internacional de Administração de Cidades.
A ponto de já existirem cursos para a formação de gerentes de cidades, como é o caso do que é oferecido pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), fruto de convênio com a Fiabci/Brasil e o Secovi-SP.
A necessidade do curso, inclusive, vem sendo confirmada por sua projeção nacional, com turmas sendo formadas em várias capitais, e mesmo internacional, com a parceria firmada entre a Faap e a Universidade de Belgrano (Argentina).
Sem dúvida alguma, o "city manager" representa importante avanço nos conceitos de gerência municipal, especialmente no Brasil, onde os cidadãos sofrem com obras e programas que se interrompem a cada eleição.
Por esse motivo, a Fiabci/Brasil vê que este é o momento mais adequado para que o modelo seja enfocado com absoluta profundidade.
Acabamos de concluir os pleitos municipais, definindo os prefeitos dos mais de 5.000 municípios do país. Prefeitos estes que devem, desde já, incluir estudos sobre os benefícios da adoção do conceito de gerência de cidades. Conceito este que nada mais é senão administrar por resultados.
Em face dessa convicção, é meta da entidade promover intensos debates sobre a figura do "city manager". Apresentar exemplos, estimular o aperfeiçoamento profissional daqueles que já militam no setor público ou pretendem participar dele.
Enfim, difundir uma cultura que, pelos fartos exemplos de sucesso, só contribuirá para a excelência na administração municipal. Mais ainda, para a gestão de regiões metropolitanas, como a que foi recentemente implantada na Baixada Santista.
Há amplo arcabouço de informações. Há a disposição daqueles que dominam a matéria em apresentá-la aos interessados. E, temos esperança, há a vontade de acertar por parte das novas lideranças municipais.
Daí termos a positiva esperança de que o Brasil poderá avançar concretamente rumo à modernização da administração pública. Daí acreditarmos que outras cidades do país, além de Campinas, Curitiba, Praia Grande e Pelotas, entre outras, irão aderir a essa tendência. Com isso, serão beneficiados não apenas os cidadãos, mas a cidadania.

Texto Anterior: Quem foi?
Próximo Texto: A bandeira nacional da qualidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.