São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ocidente vai reavaliar ida para o Zaire

Reunião será na quarta

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os países que planejam enviar soldados para o Zaire se reunirão na quarta-feira em Stuttgart (Alemanha) para reavaliar o tamanho e os objetivos da missão.
A decisão foi tomada depois do início do retorno para Ruanda dos refugiados hutus que estavam em campos no Zaire.
Até agora, cerca de 20 países, incluindo o Brasil, já se ofereceram para enviar tropas para a missão, liderada pelo Canadá.
O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, disse que o país ainda não tomou uma decisão definitiva quanto ao despacho de tropas para a força internacional.
Segundo Perry, o retorno dos refugiados pode mudar as características da missão.
Existe a possibilidade de redução no efetivo, inicialmente estimado em 10 mil militares, e de mudança nos procedimentos logísticos.
O objetivo principal da força seria criar um corredor para permitir o retorno dos refugiados a Ruanda, o que acabou acontecendo espontaneamente, com a ofensiva tutsi que afugentou milicianos hutus na semana passada.
Perry garantiu, porém, que o envio de ajuda humanitária à região está assegurado. Uma equipe de 40 militares norte-americanos está na região avaliando a situação.
O presidente da África do Sul, Nelson Mandela, disse ontem que ainda considera necessário o envio da força internacional ao Zaire.
Ele manteve contatos telefônicos com o presidentes dos EUA, Bill Clinton, e da França, Jacques Chirac.
Números
Um porta-voz da agência das Nações Unidas para refugiados (Acnur) disse que 400 mil pessoas já cruzaram a fronteira do Zaire em direção a Ruanda desde o início do êxodo, na sexta-feira.
Segundo ele, há outros 100 mil refugiados se dirigindo à fronteira. Haveria ainda 215 mil ruandeses na região de Goma (leste do Zaire) e outros 500 mil na área de Kivu, distante cerca de 100 km.
O êxodo foi desencadeado por uma ofensiva dos rebeldes tutsis, que provocou a fuga de milicianos hutus que impediam a volta dos membros de sua etnia que deixaram Ruanda após serem derrotados na guerra civil de 1994.
As milícias hutus e o antigo Exército de Ruanda são acusados pelo genocídio de cerca de 1 milhão de tutsis durante a guerra civil.
Depois de irem para o Zaire, os milicianos estabeleceram o controle sobre os campos de refugiados e intimidavam aqueles que tentavam voltar para Ruanda.
Cólera
Pelo menos oito pessoas já morreram em consequência de uma epidemia de cólera entre os refugiados ruandeses.
Funcionários de agências humanitárias dizem, porém, que a situação é muito melhor do que a observada em 1994, quando 30 mil pessoas morreram de cólera durante a chegada dos hutus de Ruanda ao Zaire.

Texto Anterior: Sonda espacial russa cai no Pacífico sul
Próximo Texto: Missão fica esvaziada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.