São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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FOME NO MUNDO

Há razões suficientes para realizar encontros como a conferência promovida em Roma pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), tendo em vista debater o problema da fome em escala global.
Segundo o órgão, cerca de 15% da população mundial sofre de desnutrição crônica, e 200 milhões de crianças com menos de cinco anos têm deficiências geradas por falta de proteínas e calorias. Houve queda na produção de grãos nos últimos quatro anos, e os índices de desperdício na atividade agrícola atingem patamares inaceitáveis. O Brasil perde 30% de sua lavoura e já faz parte da lista dos países que fazem pior uso de seus recursos naturais.
Mas encontros dessa natureza parecem padecer de um defeito congênito: perdem-se em generalidades e discursos bem-intencionados; e, dada a diversidade dos países participantes, pouco conseguem propor de exequível a curto prazo. Os artifícios da conferência para atrair a atenção mundial foram a introdução de matérias pagas em jornais de grande circulação e o convite a chefes de Estado para irem ao encontro (que não se realizava desde 1974 pelo pouco prestígio dado pelas principais personalidades mundiais).
Uma feliz sincronicidade, porém, pode ter marcado o encontro em Roma. Tendo coincidido com a recente radicalização dos conflitos no Zaire e Ruanda, pôde atrair os olhares internacionais para o dilacerante problema da fome na região. O que não é pouco: somente no Zaire, segundo a ONU, morrem de fome, mensalmente, 155 mil adultos e crianças.
É possível mesmo supor que o encontro da FAO tenha estimulado a presença de grupos internacionais na região. Fortifica-se assim o imperativo de pacificar a área, símbolo das carências alimentares que o mundo ainda não logrou derrotar.

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