São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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O homem é mulherzinha

JOSIAS DE SOUZA

São Paulo - A situação não está para risos. Comece-se por lembrar o caso de Xuxa.
É bela. É famosa. É rica. É tudo. Desperta no homem o frêmito do desejo. É a diva das paixões onanistas.
Pois resolveu ser mãe. E, como se sabe, dá de ombros para o fálus. Pensa em recorrer a métodos artificiais.
Xuxa deseja engravidar e ter o filho sem o coito de permeio. Quer a fecundação assexuada. Busca a gravidez asséptica.
É o sinal dos tempos. De senhor da situação, o macho foi reduzido a sêmen. Eis algo que nem Freud ousou antecipar.
O pai da psicanálise criou a tese de que meninas invejam o pênis. Acham que lhes falta um pedacinho. Só não previu que, adultas, apregoariam a inutilidade das partes masculinas e, de cambulhada, do próprio homem.
Quando começou a clamar por igualdade de oportunidades, não se imaginou que a mulher imitaria o homem no que ele tem de pior: a onipotência.
Falsa ou verdadeira, prevaleceu a impressão de que elas não se contentam em ser parte de um todo. Querem ser o próprio todo, o absoluto.
Vende-se hoje a idéia de que elas recolonizaram o mundo e se esqueceram de reservar espaço para o neocolonizado. De modo que a opressão se tornou ventre da reação.
Talvez tenha faltado ao feminismo um bom marketeiro. Um Duda Mendonça que embrulhasse a causa para presente.
Satanizado, o macho diz ter perdido tudo: a hegemonia no mercado de trabalho, a condição de provedor de família, o título de predador sexual... Tudo. Oprimido, ele reage. E o faz com rara competência. O masculinismo, movimento ainda fresco, é irmão gêmeo do feminismo.
Súbito, o macho rouba da mulher sua melhor arma: o papel de vítima. O homem é a nova mulherzinha. Fragilizou-se. Organiza os primeiros seminários por seus direitos. Não demora e estará queimando cuecas em praça pública.

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