São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Entenda como foi a operação

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia 9 de junho de 1989, um cheque do Digibanco no valor equivalente a US$ 31 milhões emitido pela Selecta, firma de Nahas, foi devolvido por falta de fundos.
Nahas vendia e comprava ações no mesmo dia na Bolsa carioca e, como tinha cinco dias para liquidar as operações, conseguia recursos antecipados dos bancos para realizar novas operações.
O cheque sem fundos rompeu essa ciranda e provocou a quebra das distribuidoras de valores Capitânia (de Elmo Camões, ex-presidente do BC), Distribank, Titular e Winner e das corretoras de valores Celton e Ney Carvalho.
Nahas alega que foi vítima de "mudança nas regras do jogo" provocada pelo então presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, Eduardo da Rocha Azevedo.
Azevedo teria advertido os bancos sobre os riscos de sustentar aquela "corrente da felicidade".
"Não dei nenhum golpe em 1989", alegou Nahas, em carta à Folha. "Sofri um golpe montado pelos que então dirigiam (e manipulavam) a Bovespa, alterando regras e modificando procedimentos negociais."
Nahas diz que o cheque não honrado "estava garantido por uma carteira de ações que então valia pelo menos US$ 300 milhões". Segundo ele, "essas ações me foram tomadas em uma violência inaceitável, que é o cerne de processos que não estão terminados".
Parentes e aderentes
O inquérito demorou cinco anos e seis meses para ser julgado pela CVM. O órgão precisou pedir emprestados advogados do BNDES para auxiliar o colegiado.
A CVM também puniu Manoel Justino de Almeida, sócio de Nahas no haras Inshala, e dois assessores, Carmine Enrique e Waldomiro Haddad.
Foram também condenadas figuras conhecidas do mercado, como Elmo Camões Filho, o "Elminho", Ricardo Thompson, ex-vice presidente da Bovespa e dono da corretora Progresso, e Miguel Jurno Neto, do Distribank.
(FV)

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