São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Massa salarial pode crescer 64% com 13º

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Uma montanha de dinheiro extra será despejada na economia a partir da próxima sexta-feira, quando vence o prazo de pagamento da primeira parcela do 13º salário. O acréscimo na economia formal pode chegar a 64%.
As cifras são pouco precisas, mas, a partir da arrecadação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pode-se estimar que a massa de salários da economia formal vai engrossar em pelo menos R$ 7,6 bilhões neste final de ano, só por conta do 13º.
Dados da Caixa Econômica Federal mostram que a arrecadação mensal do FGTS está no patamar de R$ 950 milhões. Como isso corresponde a 8% dos salários, a massa paga pelas empresas privadas estaria em R$ 11,9 bilhões.
Esse seria o montante extra a ser injetado na economia em novembro (até o dia 29) e dezembro (até o dia 20), além dos salários normais (R$ 23,8 bilhões nos dois meses).
Acontece que muitos trabalhadores recebem parte do 13º antecipadamente, junto com as férias ao longo do ano. É por isso que a massa de salários não chega a dobrar no último bimestre do ano.
No final de 95, indica o fluxo financeiro do FGTS, a massa salarial em novembro e dezembro cresceu 64% sobre a média anterior.
Se esse comportamento se repetir agora, o saldo de 13º chegaria aos R$ 7,6 bilhões.
As cifras do 13º, entretanto, não param por aí. São mais elevadas.
André Urani, pesquisador do Ipea, considera bem razoável utilizar o FGTS para se estimar a massa de salários nominais do mercado formal. Lembra, contudo, que é considerável o número de trabalhadores sem carteira assinada. Recebem 13º, mas seus empregadores não recolhem os 8% do Fundo de Garantia.
Os dados do FGTS não refletem também os salários de empregados domésticos, que costumam receber 13º -mesmo quando não têm carteira assinada- e não ganharam ainda o direito ao fundo.
INSS e governos
É difícil projetar quanto de 13º será pago a trabalhadores sem carteira. Em outras situações, entretanto, há dados mais precisos.
Os 16 milhões de aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) receberão cerca de R$ 3 bilhões entre 2 e 13 de dezembro, junto com o benefício de novembro. O 13º é pago de uma vez só.
Com isso, o montante de R$ 7,6 bilhões iria a R$ 10,6 bilhões.
Os funcionários públicos de todos os níveis de governo também recebem 13º.
Só o governo do Estado de São Paulo deve creditar aproximadamente R$ 1 bilhão nas contas de seus funcionários entre novembro (dia 20) e dezembro.
A prefeitura paulistana também deve pagar o 13º integral no mês que vem, embora a folha de pagamento seja bem mais modesta, em torno de R$ 130 milhões.
O montante de R$ 10,6 bilhões já salta, assim, para R$ 11,7 bilhões.
O governo federal tem despesas mensais ao redor de R$ 2,8 bilhões, podendo-se estimar R$ 1,4 bilhão de 13º neste final de ano. Metade foi antecipada.
As cifras chegariam assim à casa dos R$ 13 bilhões, sem contar domésticos, trabalhadores sem carteira e outros milhões de funcionários públicos.
Considerando que, na média, 80% da receita de ICMS estaria sendo consumida com pessoal, os Estados e municípios -fora São Paulo- teriam folha mensal entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões.
Só com isso o total chegaria a R$ 16 bilhões. Deve ser mais, se acrescentados os salários dos trabalhadores sem carteira e domésticos.

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