São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Consumidores vão usar 13º para pagar dívidas atrasadas

Pouco vai ser destinado para a poupança e compras de Natal

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pagar dívidas com o 13º está sendo a opção, forçada, dos assalariados em 96. Nada de compras, quase nada de poupança.
O assistente contábil, Nélson Poletti, 44, por exemplo, já está com o 13º comprometido: pagará dívidas contraídas há meses.
Poletti, que sexta-feira pesquisava preços de fornos microondas para a mulher no centro de São Paulo, disse que o Natal não deve ser muito quente para ele.
"Estou procurando um forno para minha mulher, mas os preços são desanimadores", disse.
Salário de R$ 900, Poletti reclamou da remuneração no Brasil. Segundo ele, seria necessário um 14º salário para melhorar o poder aquisitivo da população.
"Nunca conto com o 13º para fazer compras de Natal", disse.
Outro que já tem destino certo para o 13º é o vendedor Ricardo Alexandre Madeira, 21, R$ 2.000 de salário.
Disse que seu 13º vai servir para cobrir os cheques pré-datados que andou dando na praça.
"No Natal não vai ter nem panetone", brinca.
Quem não está endividado prefere guardar o 13º salário para compras futuras.
O publicitário Milton Bueno, 35, R$ 2.500, prefere aplicar o 13º a gastar com presentes.
Bueno disse que os juros cobrados não o estimulam a comprar a prazo: "Prefiro economizar e comprar à vista depois."
Essa é a mesma pretensão do ajudante de metalúrgico Genival Ferreira, 20, salário de R$ 300.
Lima, que deve se casar no final de 97, pretende guardar o 13º para comprar os móveis.

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