São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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RIO 2004

Já se vão os tempos em que apenas a suposta magia do tão celebrado "espírito olímpico" bastaria para que a disputa pela promoção de uma Olimpíada empolgasse mais de um país. A realidade hoje é diferente.
Considerando o espetáculo de mídia em que os jogos se transformaram, é inegável que hoje esse megaevento pode ser um poderoso catalisador de recursos e negócios. No caso do Rio de Janeiro, a realização da Olimpíada representaria, por exemplo, importante elemento propulsor de sua indústria turística, já bastante combalida pela imagem ruim da cidade diretamente associada ao narcotráfico e ao banditismo.
São justamente os problemas sociais crônicos do cotidiano da capital fluminense que ainda geram algum ceticismo em relação ao projeto Rio 2004, além do temor de que os cofres públicos tenham de arcar integralmente com os custos do evento.
Prevendo que a cidade venha a ser submetida apenas a uma espécie de "maquiagem" emergencial, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, defendeu a idealização de uma agenda social que associe a realização dos jogos no Rio de Janeiro em 2004 à implementação de benefícios mais diretos para seus habitantes, como a urbanização das favelas e a oferta de habitação para quem vive nas ruas.
Ora, essa é uma necessidade que, a rigor, todo prefeito de uma metrópole nunca deveria deixar de ter em vista, ainda que por vezes sua importância seja reconhecida, infelizmente, apenas nos discursos pré-eleitorais. Porém o maior desafio consiste, antes de tudo, em dispor de recursos suficientes para implementar projetos dessa dimensão.
A promoção da Olimpíada no Rio poderia ser uma maneira eficiente de contribuir para a captação desses recursos, ainda que, gostem ou não os mais idealistas, com alguma "maquiagem" momentânea.

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