São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Polícia 'investiga' assassinato de Ralf

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem matou Ralf? Afinal, Ralf morreu mesmo?
Enquanto policiais ouvidos pela Folha atiram para todos os lados -apontando Bruno, Léia e Marcos Mezenga como suspeitos-, Benedito Ruy Barbosa, o autor de "O Rei do Gado", faz mistério. Mas fala como se o personagem interpretado por Oscar Magrini estivesse morto.
"O caso só será elucidado no julgamento, no final da novela. Vai haver um réu -que não posso adiantar quem é- e toda a reconstituição do crime. O assassino vai ser uma grande surpresa", adianta Ruy Barbosa, já recuperado de uma gastrite aguda.
A suposta morte de Ralf foi ao ar na quinta-feira, dia 14. O garanhão -marido de Léia (Sílvia Pfeifer) e amante de Suzane (Leila Lopes, mulher de Orestes) e da garota de programa Marita (Luciana Vendramini)- foi espancado por dois capangas a mando de Orestes (Luiz Parreiras).
Ralf, ferido, mas aparentemente vivo, foi deixado em uma praia do Guarujá (SP). Dias depois, foi encontrado morto, em decomposição, enterrado na areia.
Nos capítulos da semana passada, o corpo continuava no IML, sem ser identificado.
No futuro, um anel que o personagem usava poderá ser a senha para identificá-lo.
Um detalhe importante já foi revelado: a causa da morte teria sido afogamento. Isso significa que alguém pode ter "terminado o serviço", enterrando parte do corpo na areia, para que Ralf se afogasse com a maré alta.
Investigações
Acostumados a esclarecer homicídios na vida real, delegados e investigadores de polícia não escondem que estão intrigados com os rumos das "investigações" na ficção das oito.
A delegada Elisabete Sato, 38, da Divisão de Homicídios (elite da Polícia Civil paulista), acompanha a novela desde o início.
Elisabete aponta Bruno Mezenga como o principal suspeito. O personagem de Antonio Fagundes teria interesse em se vingar de Ralf, porque este "pôs um par de chifres no rei do gado".
"Ele (Ralf) já estava desmaiado e alguém, provavelmente o Bruno, o enterrou na areia", suspeita a delegada.
Elisabete descarta Orestes. "Ele só quis dar uma lição (surra)", diz. Nessa hipótese, Orestes seria indiciado por lesões corporais graves (como mandante) e Mezenga, por homicídio qualificado (vítima indefesa) -pena mínima de 12 anos de reclusão.
O delegado titular de Guarujá, Carlos Gomes Lint, 54, diz ter o maior interesse em descobrir o assassino, "uma vez que o crime aconteceu em minha área".
Ele registraria boletim de ocorrência de "encontro de cadáver" e abriria inquérito policial.
"Existe uma suspeita muito forte contra o Marcos Mezenga (que seguiu o iate de Orestes e apareceu, depois da surra, em uma praia)", acusa.
Para Elisabete Sato, Marcos Mezenga é pista falsa. "Está muito evidente a suspeita sobre o Marcos. Novela não é assim."
O delegado Jurandir Correia de Sant'Anna, 39, concorda com Elisabete e aponta um assassino "surpreendente": Léia.
Para Sant'Anna -coordenador das investigações sobre chacinas da Divisão de Homicídios-, Léia (que estava no Guarujá naquele dia) se comportou após o crime "como se tivesse conhecimento de tudo".
O delegado Marco Antonio Desgualdo, diretor da Divisão de Homicídios, acertou quem matou Odete Roithman e descobriu, antes, a identidade do serial killer de "A Próxima Vítima".
No caso de "O Rei do Gado", Desgualdo ainda não se arrisca a dar um palpite.
"Para se descobrir o assassino de uma novela, é preciso acompanhar as falas dos personagens, a mensagem que a trama passa e traçar um perfil psicológico do autor", aconselha.

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