São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Secretário relaciona problema a jovens

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, general Nilton Cerqueira, acredita que o problema das balas perdidas está ligado ao recrutamento de adolescentes para atuar como "soldados" dos traficantes cariocas.
"Os menores de 18 anos não podem ser responsabilizados criminalmente e os traficantes sabem que eles, com uma arma, se sentem imensamente poderosos", disse o general.
"Além disso, o menor é mais facilmente identificado como vítima da ação policial que como autor de um delito."
'Sob controle' Para Nilton Cerqueira, o problema das balas perdidas está "sob controle".
Essas ações seriam as incursões nas favelas cariocas para o desarmamento dos traficantes e a identificação dos autores dos disparos, com a ajuda dos depoimentos de vítimas e testemunhas.
Numa das incursões, na última quinta-feira, no morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul), o tiroteio entre a polícia e supostos traficantes originou uma bala perdida que atingiu o Palácio da Cidade, num ponto a cerca de 13 m do gabinete do prefeito Cesar Maia, que trabalhava no local.
"A bala perdida é uma ocorrência trágica para as vítimas e para as suas famílias, mas ela é matematicamente impossível de ser prevista", afirmou o general Cerqueira.
Segundo ele, porém, é raro a polícia ter a colaboração das vítimas na investigação para apurar os autores dos disparos. "Elas têm medo de vingança."
Estatísticas A Secretaria de Segurança Pública não possui estatísticas específicas sobre as ocorrências com balas perdidas.
Nos registros em delegacias policiais, elas figuram como crimes de lesões corporais.
Um levantamento realizado pela Folha aponta que o número de vítimas atingidas por balas perdidas já chegou a 81 só este ano, no Rio de Janeiro.
A maior incidência é na região dos bairros do Catumbi, Estácio e Cidade Nova, localizada entre o centro e a zona norte da cidade.
Essa área, cercada por vários morros que servem de reduto a supostas quadrilhas de traficantes, registrou 14 balas perdidas.
A seguir, vem a região formada por Tijuca, Andaraí, Grajaú e Maracanã, com oito ocorrências. Também nos morros vizinhos, concentram-se alguns dos principais pontos de tráfico da cidade.
Botafogo é a terceira área em incidência de balas perdidas, com seis. Ali, a origem principal dos projéteis é o morro Dona Marta.
Outras regiões da cidade que aparecem com destaque nessa estatística são o centro (cinco ocorrências), Copacabana (zona sul, quatro), Cidade de Deus (zona oeste, quatro) e a região de Bonsucesso e Olaria (zona norte, quatro).

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