São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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A OMC e você, tudo a ver

CLÓVIS ROSSI

Cingapura - Começa amanhã, em Cingapura, a primeira Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio). Grande coisa, dirá o leitor que não esteja ligado a comércio exterior.
A falha, na verdade, é do jornalismo. Como estão em jogo US$ 6,1 trilhões (valor das exportações mundiais em 95), sabemos ou pelo menos supomos que se trata de uma reunião importante.
E nem explicamos o porquê.
Pelo seguinte:
1 - de 1990 em diante, o crescimento do comércio superou sempre por ampla margem o crescimento da produção de bens. Tudo o que ajuda a economia a crescer reflete-se no bolso de cada um, embora, claro, de maneira bastante desigual.
2 - estudo do Banco Mundial mostra que, nos últimos 20 anos, os salários reais (descontada a inflação) aumentaram 3% ao ano, na média, nos países em desenvolvimento nos quais o crescimento das exportações superou a média, mas permaneceram estacionários naqueles em que a expansão foi inferior à média.
3 - os norte-americanos, que têm estatísticas para tudo, dizem que os empregos dependentes de exportações pagam de 13% a 17% mais do que os demais e que cada US$ 1 bilhão adicional de vendas externas gera de 15 mil a 20 mil novos empregos.
Pelo lado potencialmente negativo: um dos temas em discussão na OMC é a possibilidade de profissionais liberais se movimentarem livremente de um país para outro, começando pelos contadores.
Assim que se chegar a um acordo, uma firma norte-americana que se instalar no Brasil vai trazer sua própria equipe de contadores, fechando mercado para os similares nacionais.
A verdade é que, hoje, as grandes políticas que afetam o cidadão comum se definem muito mais nos organismos internacionais do que no próprio Brasil. Pode-se não gostar, mas depois não adianta reclamar.

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