São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Separação conjugal leva homem à rua

DA REPORTAGEM LOCAL

Desemprego e separação conjugal. São essas as principais razões alegadas pelos moradores de rua de São Paulo para o fato de viverem hoje sem teto.
O paulista Marcelo Batista dos Santos, 24, chegou há um ano a São Paulo, vindo de Pirassununga (207 km de São Paulo). Tinha emprego prometido em uma empresa de refrigeração da Vila Gomes (zona sul).
"Mas não tinha dado baixa na carteira de trabalho do meu último emprego em Pirassununga e não tinha mais dinheiro para voltar lá e regularizar a documentação."
Depois de passar um mês no Terminal Rodoviário Tietê, sem conseguir reunir dinheiro para voltar para o interior, Santos, que estudou até a 8ª série, foi morar na rua. Vive desde então sob o Minhocão.
"Eu era marceneiro. Aqui já plantei grama, carreguei jornal. Hoje cato papel, porque dá mais dinheiro."
Josiel Alves Paz, 47, já foi o que se pode considerar uma pessoa de classe média. Soldador elétrico de profissão, trabalhava em uma metalúrgica na Saúde (zona sul) e dividia uma casa alugada no Jabaquara com a mulher e uma filha.
"Hoje carrego na carroça (que usa para catar papel) as coisas mais caras. Tenho documentos, roupas, um rádio e seis cachorros. As roupas mais caras, o relógio e uns documentos deixo guardados na casa de um amigo."
A mudança na vida de Paz ocorreu depois que ele se separou da mulher. "Fui morar sozinho em uma pensão, mas era ruim, roubavam tudo. Fui para uma favela, perdi o emprego e depois derrubaram a favela. Isso faz dois anos."
William Pereira, 48, tem uma história diferente.
Mora na rua há 30 anos, desde a morte de seu padrinho, um homem que o criou. "Não me lembro dos meus pais. Acho que 'fui perdido' algum dia."
Pereira diz que procura um emprego que ofereça casa. "Mas está difícil arrumar emprego, principalmente para quem vive na rua."

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