São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Delegado é acusado de agredir detentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Antonio Carlos Corsi Sobrinho, um dos plantonistas do 68º DP, no Jardim Lageado, em Guaianazes, zona leste de São Paulo, está sendo acusado de agredir os presos detidos nas celas 1 e 2 da delegacia e de ter dado tiros no interior da carceragem.
A agressão teria ocorrido em represália a uma tentativa de fuga.
A acusação parte de parentes dos presos, que protestaram ontem defronte ao DP e que não se identificaram temendo represálias.
A reportagem da Folha entrou na carceragem do DP e ouviu presos das duas celas. Vários deles apresentavam hematomas e escoriações. Na parede do corredor que separa as celas 1 e 2 das 3 e 4, foram vistas duas marcas de bala.
Segundo o delegado Valter Pereira César, o plano de fuga foi descoberto na noite de anteontem pela equipe de Corsi, que ouviu barulho vindo das celas.
Logo depois, o delegado Corsi Sobrinho teria entrado com um grupo de policiais na carceragem e apreendido um saco de pedaços de concreto provenientes do buraco escavado, além das ferramentas com as quais eles cavavam.
No dia seguinte, a cadeia foi liberada para a visita dos familiares, que teriam constatado as agressões e resolveram denunciá-las.
Um dos presos, Givanildo Paulino dos Santos, 24, condenado por assalto, teve que ser levado ao pronto-socorro após receber coronhadas na nuca, que teriam sido desferidas por Corsi.
Além das agressões de anteontem, os presos acusam Corsi de entrar na carceragem alcoolizado e armado, o que é proibido.
A reportagem esteve ontem a noite no 68º DP, mas o delegado Corsi Sobrinho não estava na delegacia. Ele não foi localizado.
Procurados para falar sobre o caso, o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, e o delegado-geral de Polícia Civil, Antônio Carlos de Castro Machado, também não foram encontrados.
Contra o delegado Corsi pesa outra acusação. Ele foi denunciado na última segunda-feira na Corregedoria da Polícia Civil.
Débora Cassemiro, mulher do preso Ernesto da Silva, acusa o delegado de forjar um flagrante de tráfico de entorpecentes contra seu marido, que está detido no 68º DP.

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