São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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Reação das exportações exige tempo

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS

Na verdade, não somente a balança comercial, mas também o balanço de pagamentos e seu financiamento estão sob controle, por diversas razões.
Em primeiro lugar, o plano de estabilização está se consolidando rapidamente, ao mesmo tempo em que a economia passa por transformações radicais e nem sempre bem compreendidas. Já ocorreram melhoras significativas, sendo a mais visível a inflação baixa.
Os avanços na posição fiscal e o ajuste patrimonial com as privatizações, que se consolidarão em 1997, são fundamentais para garantir a estabilidade econômica, o que permitirá a continuidade da redução das taxas de juros.
Segundo, houve avanços muito firmes na direção da redução dos custos de produção corrente e também do investimento. Para tanto, são fundamentais os investimentos em infra-estrutura, portos e rodovias e a redução do ICMS, entre outras iniciativas de redução do "custo Brasil".
O resultado desse processo em marcha é a elevação da produtividade no plano econômico e da eficiência econômica do conjunto do sistema e do poder de competição da produção nacional, tanto no mercado interno como no mercado internacional.
Em terceiro lugar, encontra-se em curso a montagem de um grande programa de promoção de exportações.
A quarta razão para a afirmação acima está associada ao aumento dos investimentos externos, inclusive com participação nas privatizações, e ao nível de reservas internacionais, que permitem financiar com tranquilidade a posição externa, dando tempo para que ocorram a maturação dos investimentos domésticos, a elevação da competitividade sistêmica da produção nacional e, consequentemente, a expansão das exportações.
O país passou por um processo de ampla abertura da economia ao comércio exterior, possibilitando a incorporação de novas tecnologias ao processo interno de produção, aumentando a competitividade no mercado doméstico.
Entretanto, as importações não devem continuar crescendo ao ritmo atual, pois boa parte é de bens de capital e matérias-primas, fundamentais ao aumento da quantidade e à melhoria da qualidade da própria produção doméstica. Como parte desse aumento de produção é de bens "tradables", isso significa uma menor necessidade futura de importação desses bens e uma maior capacidade exportadora.
As exportações estão sendo estimuladas de várias formas. Mas é natural que elas tomem um tempo maior para reagir, pois não é só produzir, é também encontrar mercados, canais de distribuição, formas e garantias de financiamento etc., em um mercado internacional com economias globalizadas e altamente competitivas.

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