São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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FHC defende ministros no caso da lista

DOS ENVIADOS ESPECIAIS A SÃO LUÍS; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que duvida do envolvimento de ministros no caso da lista do Banco do Brasil que traz a situação financeira de nove parlamentares integrantes da Executiva do PPB.
"Acho que é impossível (algum ministro) ter feito isso", declarou o presidente em São Luís (MA) no sábado à noite, quando visitava o memorial do ex-presidente José Sarney, em São Luís (MA).
Políticos do PPB lançaram na última sexta-feira desconfianças sobre o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas Pereira.
O PPB já havia levantado suspeitas contra o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e o presidente do banco, Paulo César Ximenes.
O secretário-geral nega qualquer participação no episódio de quebra do sigilo bancário. "Nunca pedi, nunca recebi, nunca vi nenhum dado bancário de qualquer parlamentar", disse. Desde que a lista vazou, há uma semana, o secretário-geral alega que o episódio não é relevante e não deve desviar a atenção do governo.
Íntimo
No Palácio do Planalto, Eduardo Jorge é uma das pessoas mais íntimas de FHC. Executa missões de confiança para o presidente, além de cuidar de parte da articulação política do governo.
Ontem, Luiz Carlos Santos disse que não falará sobre o assunto até a conclusão da auditoria em curso no BB. As investigações deverão terminar antes do Natal, segundo a previsão de Ximenes.
Segundo a revista "Veja", Santos teria ouvido do assessor Marco Aurélio Santullo um depoimento do coordenador-chefe da assessoria parlamentar do BB, Waldemar Júnior, responsabilizando Eduardo Jorge pelo pedido.
Santullo nega o relato. O assessor participou de um encontro, na segunda-feira passada, com Waldemar Júnior, no gabinete de outro assessor palaciano, Eduardo Graeff. Mas ele nega que Júnior tenha culpado o secretário-geral.
O cargo de Waldemar Júnior é citado no cabeçalho da lista. Antes de ir para o BB, foi assessor parlamentar do Ministério da Fazenda, quando FHC era o ministro.
Graeff contou que Waldemar foi ao Palácio preocupado com o vazamento da lista. Na ocasião, confirmou que a direção do BB mantém um "cadastro atualizado do mundo político", com a situação bancária dos parlamentares. A Folha publicou ontem que a lista completa tem mais de 600 nomes.
Maluf
O envolvimento do Palácio do Planalto no caso da lista do BB é sustentado também pelo advogado do PPB Ronald Christian Bicca, que recebeu a relação de um "amigo" do banco, que trabalha na assessoria parlamentar com Waldemar Júnior.
Localizado ontem pela Folha, Bicca disse que recebeu a lista no último dia 28 e a repassou ao ex-deputado Vasco Furlan, secretário do partido. Na noite do mesmo dia, a lista foi entregue ao prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
Somente cinco dias depois chegou às mãos do presidente do PPB, senador Esperidião Amin (SC).
Segundo Bicca, o documento que recebeu do BB tinha duas páginas, em vez de apenas uma que circula há uma semana em Brasília, mas não continha nenhuma informação além das que foram divulgadas sobre nove parlamentares do PPB.
Entre os pepebistas e assessores do Planalto notavam-se, no final da semana passada, os primeiros sinais de uma trégua.
Negativa
O porta-voz da Presidência da República, embaixador Sergio Amaral, negou ontem que a lista com os nomes de deputados do PPB devedores do Banco do Brasil tenha sido encomendada por membros do governo federal.
"Existe o fato de que a lista vazou. O Banco do Brasil já está investigando. Fora isso, não existe nenhuma indicação nem um único fato de que qualquer deputado tenha sido abordado por qualquer membro do governo para fazer uso dessas informações", disse.
Segundo um assessor da governadora Roseana Sarney (PFL), FHC teria recebido um telefonema do ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) durante jantar na casa do senador José Sarney (PMDB) na noite de sábado.
Santos teria apontado ao presidente o autor da lista. O presidente disse que só falaria a respeito do caso em Brasília.
Informações
O PT vai solicitar que Santos e Eduardo Jorge prestem depoimento à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para explicar o suposto envolvimento na lista.

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