São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996 |
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Acordo com Bolívia será fechado em abril
DENISE CHRISPIM MARIN
Na reunião do GMC (Grupo Mercado Comum), os negociadores dos quatro países -Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai- prorrogaram a implantação do acordo para 30 de abril de 1997. A data anteriormente prevista era o próximo 1º de janeiro. Foi alterada em função de reivindicações dos negociadores argentinos, que esperam reduzir o prazo de proteção ao trigo da Bolívia e cativar esse mercado em menos tempo. Ontem, ao desembarcar na base aérea de Fortaleza, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a incorporação da Bolívia ao Mercosul, por meio de acordo de livre comércio, é importante para a ampliação da união aduaneira. O acordo prevê a redução das tarifas para os produtos de ambos os lados -Mercosul e Bolívia- e segue o mesmo modelo de aproximação comercial com o Chile. Hoje, desembarcam em Fortaleza os presidentes da Argentina, Carlos Menem, do Uruguai, Júlio María Sanguinette, do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, e da Bolívia, Gonzalo Sanchez de Lozada. Tumulto A Folha apurou que a reunião do GMC foi tumultuada a partir das 16h de sexta-feira, quando chegou o principal negociador da Argentina, Alejandro Mayoral, subsecretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia. No total, foram 34 horas de negociações. A posição argentina manteve-se contrária à conclusão de quase todos os temas tratados -principalmente os relacionados com o açúcar e o couro. A ata das reuniões foi fechada apenas às 6h de ontem, depois de 20 horas seguidas de discussões. O impasse sobre o setor açucareiro deverá afetar os usineiros brasileiros. Eles esperavam desovar parte do produto para a Argentina, mas o país defende sua produção local, na província de Tucuman. Atualmente, o açúcar não está incluído na TEC (Tarifa Externa Comum), que reúne todos os produtos do Mercosul. O Brasil quer introduzir o açúcar na TEC até o ano 2001. A Argentina, quer começar a discutir o assunto nessa data. "Todo setor afetado pela união aduaneira resiste ao Mercosul", afirmou ontem o embaixador José Botafogo Gonçalves, chefe dos negociadores brasileiros. "Mas os impactos sociais que podem ocorrer em uma região não tem nada a ver com o Mercosul. Cada país tem de fazer internamente a reconversão das regiões afetadas pela concorrência." Calçados O tema deverá ser retomado apenas em abril de 1997. Também fica para o ano que vem a reivindicação brasileira de redução da TEC para o couro "wet blue", produto usado na fabricação de calçados, que hoje está em 8%. Antes da introdução da TEC, o Brasil aplicava alíquota zero. LEIA MAIS sobre Mercosul na pág. 2-5 Texto Anterior: Liberdade econômica ainda é restrita na maioria dos países Próximo Texto: Mercosul quer integrar seus extremos Índice |
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