São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Mercosul quer integrar seus extremos

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

A tendência atual do Mercosul, além da associação com os vizinhos Chile e Bolívia, é a incorporação das regiões extremas dos países que o compõem: a Patagônia argentina e o Nordeste e o Norte brasileiros.
Essa tendência deve ampliar a potencialidade de um mercado comum que, na prática, integra somente parcelas dos territórios do Brasil e da Argentina, além do Uruguai e do Paraguai.
Prova disso é a visita que o presidente argentino, Carlos Menem, escoltado por uma delegação de 86 empresários do país, faz hoje ao Recife (PE), antes de seguir para Fortaleza (CE), onde se reunirá amanhã com os outros presidentes do Mercosul.
Os executivos argentinos tentarão fechar mais negócios no Nordeste, região que importou US$ 523 milhões em produtos do país em 1995, tornando-se um mercado mais importante que a França e a Grã-Bretanha.
A multinacional argentina Bunge e Born já tem um ancoradouro e um silo no porto de Recife e planeja instalar mais dois.
Também está instalada em um município de Pernambuco uma fábrica de autopeças do grupo argentino Pescarmona.
Há outros sinais dessa tentativa de expansão interna do mercado comum. Um corredor marítimo está sendo planejado para unir todos os portos da região, desde Ushuaia, na Terra do Fogo (Argentina), até Manaus, no Amazonas (veja mapa ao lado).
O transporte por mar seria a melhor opção para aproximar as regiões mais distantes do Mercosul, bloco que hoje depende basicamente da ligação por rodovias.
O corredor marítimo já é utilizado, por exemplo, para transportar as 350 mil toneladas de alumina que partem do porto maranhense de São Luis em direção à cidade patagônica de Puerto Madryn, na Argentina.
O metal é transformado em fios de alta-tensão na fábrica Aluar, de propriedade da empresa argentina Fate, e exportado ao Brasil.
Os governos estaduais também estão se movimentando. O primeiro passo foi o acordo entre o Estado do Rio Grande do Norte com a Província de Chubut.
Depois de visitas dos governadores de ambos Estados, foi acertado um protocolo: Chubut vende frutas temperadas, batata e alfafa e tem em troca açúcar e frutas tropicais saídos do porto de Natal.
E ainda o avanço de empresas brasileiras nas regiões extremas da Argentina. A Vasp, por exemplo, comprou 80% das ações da aviação TAN, da Província de Neuquén, onde fica a turística Bariloche.

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