São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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"Dhonis" e aviões dividem as paisagens

SILVIO CIOFFI
DO ENVIADO ESPECIAL ÀS MALDIVAS

As distâncias são grandes, mas não chega a ser um sacrifício explorar num "dhoni" esse país de atóis, que se espalha, ao norte da linha do Equador, por 750 km.
Mas, além dessas embarcações nativas, velhos helicópteros da Hummingbird e hidroaviões da Maldivian Air Taxi (leia texto na pág. 6-10) transportam os turistas por esse universo de quase 1.200 pequenas ilhas.
Os "dhonis" (ou "dhoanis") são a maneira mais típica -e também mais lenta- de locomoção entre as ilhas. Eles aparecem cortando as águas do Índico em vários tamanhos, uns movidos a diesel, outros à vela, em versões para passageiros ou para pesca.
Todos têm em comum a simplicidade, a elegância e a proa alta que até lembra um sapato árabe, de ponta virada para dentro.
A popa também é peculiar, com a cana do leme levemente voltada para baixo, já que os maldivos manejam seus "dhonis" com as mãos e os pés.
Nas travessias que terminam no cais da capital, os "dhonis" atracam em espaços pequenos.
Já os barcos que se destinam às ilhas turísticas -muitos dos resorts tem seus próprios "dhonis"- cruzam grandes distâncias a uma velocidade de 12 km/h.
Para passar o tempo, é frequente que essas embarcações joguem linha de corrico, na esperança de fisgar um atum.
Até bem pouco, todo o transporte de passageiros e carga nessas ilhas cercadas de azul por todos os lados era feito pelos "dhonis".
Quando o tempo virava, a viagem podia deixar de ser uma experiência agradável.
Como as Maldivas são um dos destinos turísticos que mais têm crescido em todo o mundo, foi preciso driblar as dificuldades da geografia substituindo os "dhonis" por helicópteros e, mais recentemente, por hidroaviões.
Nem assim os "dhonis" deixaram de ser vitais para a sociedade maldiva: é com eles que se ganha a vida pescando, levando turistas, buscando coco ou madeira numa ilha distante, transportando todo tipo de mercadoria.
Cada família tem ao menos um pequeno barco -e as famílias ricas têm vários deles. Os carpinteiros que os constroem são chamados de "maavadins" e gozam de prestígio em suas comunidades.
Os barcos têm fundo capaz de resistir ao impacto dos corais que afloram no mar, mas não são dotados de instrumentos náuticos.
Seu desenho mudou pouco ao longo dos séculos, e só recentemente os "dhonis" de pesca foram motorizados.
Nem assim deixaram de ter vela para aproveitar os bons ventos e, se preciso, para substituir um motor enguiçado.

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