São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 1996 |
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"Fosca" proporciona contato com o refinado
JOÃO BATISTA NATALI
Entre as soluções "econômicas" de uma produção lírica, esta foi com certeza a menos infeliz. A orquestra foi para seu fosso, e o palco, além do coral lírico e dos solistas, trazia uma enorme tela para as legendas, sobrepostas à projeção de centenas de ilustrações do artista plástico Fernando Anhê. A soprano Celine Imbert (Fosca) e o tenor Rubens Medina (Paolo) foram os dois primeiros pontos de excelência na interpretação. Ela é dona de uma voz agora madura e sempre expressiva, capaz de enfatizar a dramaticidade das notas mais graves, perfeitamente à vontade num papel que exige um jogo sofisticado de dinâmica e de clareza nas frases. Quanto a ele, de carreira mais recente e talento exposto ainda há algumas semanas no elenco nacional da "Traviata", há uma voz de extraordinária potência, que não se deixa cobrir pela orquestra, mesmo nos raros e ruidosos momentos de acordes conjuntos de metais. Outro tento foi marcado pelas vozes masculinas do Coral Lírico, de homogeneidade dramática e boa dicção em italiano, na abundante parte que o libretista Antonio Ghislanzoni lhes reservou, como o grupo de corsários. A orquestra, dirigida pelo maestro Luiz Fernando Malheiro, deu provas do bom momento que atravessa. A partitura de Carlos Gomes é exigente, com rápidos contrapontos das madeiras com cordas e introdução embrionária dos "leitmotive", que ampliam o número de vozes. Mas o grande espetáculo ficou por conta de uma ópera que poucos conheciam e que é de uma felicidade melódica talvez superior à de "Il Guarany". Texto Anterior: Chopin chega a seu "ponto de perfeição" Próximo Texto: TELEVISÃO Índice |
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