São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 1996
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TELEVISÃO

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Sai de Baixo" foi a cara da TV brasileira em 1996.
A família do Arouche conquistou o país, e o bordão "Cala a Boca, Magda!" virou mania nacional -quer os intelectuais gostem ou não.
Grande dor de cabeça da Globo, as noites de domingo deixaram de ser monopólio de Silvio Santos e de seu "Topa Tudo Por Dinheiro" para se renderem às graças de Vavá, Ribamar e cia.
Num revival de "Família Trapo", o humorístico -dirigido pela mão forte de Daniel Filho- abusou das gags, dos chistes, das pernas de Marisa Orth.
"Num fim de domingo, as pessoas estão com vontade de se divertir sem ter de pensar. O programa é isso: uma brincadeira com pitadas de sexo", explicou à Folha o dramaturgo Flávio de Souza, um dos roteiristas.
Se os domingos foram de "Sai de Baixo", o resto da semana parou para ver a guerra entre Mezengas e Berdinazzis.
"O Rei do Gado", de Benedito Ruy Barbosa, liderou a audiência da maior emissora do Brasil, com média de 55 pontos no Ibope (equivalente a 4,5 milhões de telespectadores na Grande São Paulo).
A primeira fase da trama entrou para a galeria das cenas antológicas da TV brasileira, com enredo emocionante e produção de altíssima qualidade.
O drama dos sem-terra foi para a frente das câmeras, personificado na bela Patrícia Pillar.
"Num país que precisa abrir o olho para sua realidade, uma novela não pode ser alienante, deve informar o público, ser algo útil à sociedade", definiu Ruy Barbosa.
Num ano de fiascos como "Antônio Alves, um Taxista" e "Vira Lata", Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa esquentaram o horário das sete com "Salsa e Merengue".
Recheada de humor e personagens impagáveis como Teodora (Débora Bloch), a trama ficou entre os primeiros colocados nas pesquisas do Ibope.
"Somos um país isolado do resto da América Latina. Essa novela tenta descobrir a nossa própria latinidade", afirmou Falabella.
Sua parceira, Maria Carmem Barbosa, credita o sucesso de "Salsa e Merengue" à linguagem dinâmica do roteiro.
"A trama não se estende por um tempo indeterminado como acontece em muitas novelas. O público não se cansa de assisti-la."
Nelson Rodrigues
Com ares de cinema, altas doses de erotismo e sensualidade, "A Vida Como Ela É..." inovou ao introduzir teledramaturgia na programação do "Fantástico".
Com produção impecável, as crônicas de Nelson Rodrigues ganharam ares de cinema sob a batuta de Daniel Filho.
Erotismo também foi ingrediente importante em "Xica da Silva" (Manchete), dirigida por Walter Avancini.
Mesmo não sendo um estouro de audiência, a saga da escrava que enfeitiça um contratador no século 17 levou a emissora às paginas dos jornais -graças a sacadas de marketing como a nudez de Adriane Galisteu e de Taís Araújo.
1996 também foi importante para o telejornalismo. Neste ano, dois canais dedicados à notícia foram inaugurados, o Globo News e o Canal 21.
"Somos uma alternativa às mesmices da TV", explicou Rogério Brandão, diretor de programação do canal 21.
No primeiro trimestre de 1997, a TVA promete colocar no ar seu canal de notícias.

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