São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996 |
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Mãe e filha ficaram afastadas
LUCIA MARTINS
Ela foi mandada para lá pelo padre da paróquia da pequena vila onde morava, em Limerick (200 km ao sudoeste da capital). Diana (nome fictício) estava grávida de um ex-namorado e, por isso, iria "sujar" o nome da família. Com medo do castigo de Deus e do poder do padre, os pais de Diana concordaram com a punição. No convento, Diana deu à luz uma menina, que só voltou a ver 16 anos depois. Sally (nome fictício), sua filha, foi levada para um orfanato da igreja e qualquer contato com a mãe ficou proibido. "As irmãs diziam que meus pais tinham morrido. Fiquei muito tempo sem saber que eu tinha mãe e que ela estava muito perto de mim", diz Sally, 46. Para escapar da lavanderia, Diana tentou de tudo: parou de comer, de trabalhar, de falar e brigou com as freiras. Mas nada fez com que elas deixassem "Rita" partir. Foi quando começaram as tentativas de fuga. Acompanhada de uma colega, Patsy, Diana conseguiu fugir pela primeira vez escondida dentro das lixeiras. Fora do convento, as duas correram até a casa de uma tia de Patsy, onde contaram tudo e pediram que ela as escondesse. A tia, no entanto, chamou a polícia, e as meninas foram levadas de volta ao convento. Diana tentou uma segunda vez, escondida em um dos contêineres onde a roupa era transportada, e conseguiu. Em liberdade, Diana trabalhou como empregada doméstica em uma casa em Dublin e depois se mudou para Londres. Enquanto isso, sua filha Sally continuava no orfanato Philomena. "Aos dez anos fui levada para uma outra instituição, também controlada pela Igreja Católica, só que para crianças mais velhas. Aí começaram as minhas dificuldades porque não era um lugar só para órfãos, mas para crianças infratoras. Sofri muito", diz Sally, que hoje é assistente social. Quando conseguiu um emprego com um salário suficiente para sustentar duas pessoas e perdeu o medo de ser "presa" de novo, Diana decidiu voltar e procurar a filha. Hoje, Diana e Sally moram no norte de Londres. Sally com o marido e três filhos e a mãe, sozinha. "Minha mãe detesta falar do passado e, como eu, odeia Dublin. Acho que é por causa de tudo que sofremos", diz. (LM) Texto Anterior: 'Madalenas' lavaram pecado em conventos Próximo Texto: Grupo quer indenização Índice |
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