São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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'Acordo ficou muito aquém do que deveria'

DA REPORTAGEM LOCAL

"O acordo da Previdência ficou muito aquém do que deveria", afirma o secretário de Previdência Social do Ministério da Previdência, Marcelo Estevão de Moraes. "O governo queria dar 50 passos, mas só deu três ou quatro."
Em sua opinião, se a reforma fosse contra os pobres, não teria havido tanta gente gritando contra.
Segundo Moraes, as alterações no regime do INSS são "quase nulas". As maiores mudanças ocorrem no regime do servidor público. "Terminaram alguns abusos, tomaram-se medidas moralizadoras", diz o secretário.
"O que foi feito não é suficiente, no entanto, para corrigir o desequilíbrio econômico-financeiro do sistema previdenciário. No INSS, a situação é precária, mas no setor público é de flagrante desequilíbrio", afirma Moraes.
O governo, segundo o secretário, gasta em torno de R$ 15,6 bilhões por ano (40% da folha) com o pagamento aos inativos.
"Os servidores ativos contribuem com cerca de R$ 2,2 bilhões por ano para a Previdência. Mesmo que o governo entrasse com a sua parte (22% da folha de servidores ativos, de cerca de R$ 24,5 bilhões por ano), teríamos pouco mais de R$ 7 bilhões por ano. Isso nos deixa com um rombo de 50% nas despesas", avalia Moraes.
O secretário acha que o Brasil está "no momento ideal" para fazer uma reforma profunda no sistema previdenciário. "Há, proporcionalmente, mais gente trabalhando do que inativos."
A solução, segundo ele, seria ampliar o mercado formal de trabalho, incorporando ao sistema contribuintes novos, a partir da criação de postos de trabalho. Ele acha que o regime atual deverá abrir espaço para outros, baseados na poupança e na capitalização.

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