São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Títulos da dívida recuam e Bolsas sobem

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os títulos da dívida externa fecharam em baixa ontem. O movimento de queda foi puxado pelos papéis argentinos e mexicanos.
O governo argentino prepara o lançamento do "global Bonds". Os compradores potenciais do "global" ou dos títulos da dívida são os mesmos.
Os analistas de mercado, porém, continuam apostando em alta dos papéis brasileiros.
A queda de ontem foi um movimento de realização de lucro -dia de botar o ganho no bolso.
As Bolsas brasileiras fecharam em alta -0,87% em São Paulo e 0,66% no Rio.
Em São Paulo, o volume foi bom, da ordem de R$ 443,025 milhões, mesmo descontando R$ 43 milhões de uma operação a termo da Souza Cruz e uma "passagem de ficha", como dizem os operadores, de ações da Petrobrás. Tradução: os estrangeiros continuam na ponta de compra.
Hoje é o vencimento do índice futuro, mas, avaliam os analistas, o grosso das posições já foi girado para frente (vencimento em abril).
Na área de câmbio e juros, nenhum fato especialmente marcante. Tudo mudou para ficar exatamente igual ao que era antes.
O BC (Banco Central) voltou a comprar dólar. O ingresso permanece. Até porque o juro continua tão convidativo para o investidor quanto escorchador para o devedor -e o Estado é o maior devedor.
Até as 18h, os bancos registravam ingresso líquido (entradas menos saídas) de US$ 215 milhões. O BC vendeu BBCs (Bônus do BC) à taxa-over de 3,28%.
Como a nova colocação é maior do que o resgate previsto para hoje, o "enxugamento" previsto é de R$ 1,79 bilhão.
Amanhã, o Tesouro faz um novo leilão. Entre títulos prefixados, corrigidos pela TR (Taxa Referencial) e cambiais, o Tesouro quer vender R$ 4,7 bilhões.
Se vender tudo, provoca um "enxugamento" adicional de mais R$ 1,6 bilhão.
Enfim, está tudo muito bem, mas realmente... esse modelo não fecha. O câmbio é indexado, o juro elevadíssimo e o Tesouro, todos sabemos, continua quebrado.
Nós, os latinos, não fazemos contas. Até agora, por exemplo, nenhum analista sabe o resultado fiscal do acordo da Previdência.

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