São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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São Paulo decide entrar na 'guerra fiscal'

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para não ficar atrás de outros Estados na corrida para atrair novos investimentos, São Paulo decidiu entrar na "guerra fiscal" este ano.
Em 95, o Estado acabou perdendo a fábrica de caminhões e ônibus da Volkswagen para Resende (RJ), porque deixou de oferecer os mesmos incentivos fiscais concedidos à montadora pelo governo do Rio.
Com medo de deixar escapar também as novas fábricas da Mercedes-Benz e Renault, São Paulo resolveu partir para o ataque e garantir investimento de US$ 1,4 bilhão (U$ 1 bilhão da Renault e US$ 400 milhões da Mercedes).
O governador Mario Covas deve enviar ainda hoje à Assembléia Legislativa um projeto de lei criando o Programa Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social.
O programa, que foi apresentado ontem aos deputados estaduais do PSDB, prevê incentivos fiscais e novas linhas de financiamento para empresas que decidam implantar projetos industriais no Estado.
O Estado de São Paulo vai conceder prorrogação do prazo de recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para as novas indústrias.
Além disso, se propõe a financiar parte do investimento por meio do Fundes (Fundo Estadual de Desenvolvimento Econômico Social), que será criado especificamente com esse objetivo.
"Ficou muito difícil atrair grandes empresas para o Estado sem esses instrumentos", diz Emerson Kapaz, secretário de Ciência e Tecnologia, responsável pela elaboração do programa.
A maior preocupação do governo é evitar que empresas como Mercedes-Benz e Renault se instalem em Minas Gerais e Paraná, atraídas pelos benefícios fiscais oferecidos por esses Estados.
"Não inventamos nada. A proposta de prazo especial para o ICMS é semelhante à do Rio de Janeiro e o fundo de investimento segue o modelo de Minas Gerais", diz Kapaz.
Segundo Kapaz, o Fundes utilizará recursos de dotação orçamentária e créditos suplementares. Vai oferecer linha de financiamento de acordo com o total investido e o número de empregos gerado. Um conselho, presidido pelo governador do Estado, aprovará ou não o financiamento.
O programa, segundo Kapaz, visa favorecer investimentos na indústria e agroindústria. Pretende ampliar a criação de empregos, aprimorar tecnologia e incentivar implantação de empresas em áreas menos desenvolvidas.
Kapaz diz que o projeto, antes mesmo de seguir para a Assembléia, já provocou efeitos. A Mercedes-Benz e a Renault, segundo o secretário, estariam refazendo seus planos. Antes de levar a fábrica para outro Estado, vão analisar as novas vantagens oferecidas por São Paulo.
A Mercedes-Benz pretendia anunciar o local da fábrica dia 12, mas a decisão foi adiada. A montadora alemã deve optar entre os municípios de Campinas (SP) -onde atualmente produz ônibus- e Juiz de Fora (MG).

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