São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996 |
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Governo não define regras para exploração de TV paga por satélite
ELVIRA LOBATO
Uma portaria do Ministério das Comunicações, baixada no final de novembro, diz que a exploração do serviço vai depender de concessão, permissão ou autorização do governo, mas até agora não disse que regras irá adotar. O consórcio do grupo Abril, liderado pela norte-americana Hughes (divisão da General Motors), Cisneros (Venezuela) e Multivision (México), lançou seu satélite em dezembro do ano passado. Só o satélite custou US$ 250 milhões. A Abril diz que seu serviço entrará em fase de testes no dia 15 de março e que no mês seguinte entrará em operação comercial. A empresa, no entanto, admite que tudo depende do governo. Hoje à noite, será lançado na China o foguete Longa Marcha, que colocará em órbita o satélite Intelsat, contratado pelo consórcio Globo/News Corporation/TCI/Televisa para explorar o serviço em toda a América Latina. "Até agora, o governo não deu nenhuma sinalização do que irá fazer. Estamos investindo porque acreditamos que o ministério fará algo racional", afirma Adalberto Vianna, 33, diretor geral da NetSat, da Globo. Segundo Vianna, o custo total do projeto para cobrir a América Latina chegará a US$ 1 bilhão em três anos, dos quais US$ 360 milhões caberão à Globo. Pela parceria costurada no ano passado por Rupert Murdoch (da News), a comercialização do serviço no Brasil ficará a cargo da NetSat, que terá a seguinte composição societária: 54% em poder da Globo, 36% da News e 10% da TCI, maior empresa operadora de TV paga por cabo dos EUA. Até a publicação da portaria (nº 281, de 28 de novembro), os dois consórcios tinham como certo que teriam autorização automática do governo. Apostavam também que a autorização seria gratuita. As planilhas de custos dos dois consórcios não prevêem a hipótese de pagamento pelo direito de explorar o serviço. Com a divulgação da portaria, essa convicção caiu por terra. Em novembro do ano passado, no mesmo dia em que foi assinada a portaria 281, o Ministério das Comunicações divulgou um pacote de decretos e portarias instituindo o sistema de concorrências públicas para a venda de concessões de rádio, televisão e de serviços de telecomunicação. Nas outras modalidades de TV paga (com transmissão por cabos ou microondas), o governo irá cobrar pela concessão, mesmo nas pequenas cidades. A TV paga com transmissão direta de satélite cobre todo o país e portanto, sua concessão vale muito mais do que a da TV a cabo ou por microondas, que é limitada a um município -às vezes, a apenas parte de um município. Estimativas conservadoras apontam um potencial de mercado de 6 milhões de assinantes de TV paga (somando os sistemas de cabo, microondas e por satélite) para o Brasil até o ano 2000. No novo sistema que os dois megaconsórcios pretendem explorar -chamado DTH ("direct to home" ou direto para casa)-, as antenas parabólicas terão apenas 60 cm de diâmetro e poderão ser instaladas até em varandas de apartamentos. A desvantagem é o alto preço. A antena e o decodificador custarão um total de cerca de US$ 800. Texto Anterior: Classes C e D bebem mais cerveja Próximo Texto: Pepsi leva à TV novo anúncio com chimpanzés Índice |
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