São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Governo discute a criação de sistema alternativo ao FGTS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda a possibilidade de criar um modelo alternativo de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) voltado, principalmente, para trabalhadores de classe média para cima.
Segundo os estudos ainda preliminares, o trabalhador poderia optar por um sistema em que teria a liberdade para aplicar o dinheiro do fundo da forma como desejasse.
Hoje, o dinheiro do FGTS rende TR (Taxa Referencial) mais 3% ao ano.
Para quem optasse por esse modelo, a desvantagem seria a redução drástica das possibilidades de sacar o dinheiro.
O acesso aos recursos seria restrito aos casos de aposentadoria. A informação sobre o estudo foi revelada na edição de ontem de "O Estado de S.Paulo".
Pelo modelo atual, é possível sacar o FGTS em casos de demissão sem justa causa, aposentadoria, morte, compra de imóveis, Aids e câncer em estágio avançado, entre outros.
É justamente essa a preocupação na área econômica do governo. Em 95, foi detectado um movimento considerado muito alto de saques do FGTS -desproporcional ao crescimento do desemprego, segundo argumentam os economistas oficiais.
Os estudos para o modelo alternativo de FGTS vêm sendo tocados pelo ministro do Planejamento, José Serra, pelo presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), Sérgio Cutolo, e pelo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luís Carlos Mendonça de Barros.
Avalia-se que nenhuma mudança das regras do fundo será aprovada no curto prazo. Embora queiram testar a aceitação popular e política das propostas, os técnicos envolvidos ressaltam tratar-se de estudos preliminares.
É certo, porém, que o novo modelo, se adotado, não substituiria o atual -seria optativo.
E o Planejamento acredita que o interesse pelo sistema alternativo seria maior na classe média alta, mais habituada à administração de sua poupança.
Também na classe média estão os trabalhadores com maior estabilidade no emprego -funcionários públicos e de estatais, por exemplo-, que teriam menos a perder no novo modelo de saques mais restritos.

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