São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bóias-frias têm 'ascensão social'

DA AGÊNCIA FOLHA, EM IGUARAÇU

"Esse algodão já me deu um terreno e uma casa e vou construir outra neste ano", disse à Agência Folha o lavrador Francisco Ribeiro Souza, 50, há três anos no projeto. Ele sintetiza o estado de espírito dos bóias-frias envolvidos com o projeto Terra Solidária.
Souza e a mulher, Cícera da Silva Souza, 48, planejam construir uma casa para a filha que está noiva. "Pagar aluguel é duro", diz Cícera. O casal tem dois filhos.
Os dois trabalham em sua lavoura "sempre que sobra um tempinho". Eles se alternam no cultivo do algodão. Segundo Souza, essa alternância permite "que a lavoura fique sempre limpinha, com uma produção melhor no final".
Os irmãos Wilson, 23, e Adilson Domingos de Oliveira, 21, estão usando o projeto Terra Solidária como um trampolim social.
A renda líquida da primeira safra fez com que eles deixassem de trabalhar como bóias-frias. Hoje, eles atuam como intermediários no comércio de laranjas.
Com o dinheiro daquela safra, no primeiro ano do projeto, os irmãos compraram um Chevette 74. Usam o veículo para vender laranjas e sonham alto. "Vamos trocar de carro neste ano e tentar arrendar áreas fora do projeto. Vamos virar arrendatários de algodão com o dinheiro desta safra", diz Wilson.
Abílio Gomes da Silva, 60, que entrou no projeto no segundo ano, ainda não conseguiu se capitalizar.
Com quatro filhos menores de 18 anos, ele conta com o auxílio "dos garotos para deixar o algodão limpo". Segundo Silva, o projeto lhe rendeu R$ 1.000, "que serviram para bancar as dívidas".
"Neste ano, vou ficar no azul depois da colheita", afirma.
O casal Cícero Antônio Araújo, 30, e Elza dos Passos Jorge da Silva, 37, usa a renda do Terra Solidária "como uma isca, uma poupança, para, quem sabe, a gente conseguir uma chácara no futuro".
Enquanto o sonho não se realiza, o casal comprou um lote na zona urbana de Iguaraçu.

Texto Anterior: Terra Solidária é 'pré-reforma', diz prefeito
Próximo Texto: O traidor da pátria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.