São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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PM culpa tamanho da cidade pelos crimes

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Militar de São Paulo diz que não tem como prevenir homicídios ou chacinas, como as três ocorridas nos últimos cinco dias.
Segundo o coronel Edilberto Ferrarini, da diretoria de Comunicação Social da Polícia Militar, a ação policial é dificultada pela extensão territorial e pelo grande número de moradores de São Paulo.
Com estas, já são nove as chacinas ocorridas neste ano na Grande São Paulo. Até agora, 30 pessoas morreram.
Na quarta-feira, três pessoas de uma mesma família -mãe e dois filhos- foram assassinadas no Parque do Cocaia, extremo sul da cidade. Duas filhas escaparam da morte porque se esconderam na casa de vizinhos.
A mãe, Sebastiana Maria de Andrade, 41, era faxineira no hospital Beneficência Portuguesa. Nenhuma das vítimas havia sido presa ou processada anteriormente.
O coronel afirma que, em se tratando de homicídios, é preciso "analisar caso a caso".
"Um homicídio ou uma chacina pode ter muitas explicações. Pode acontecer por envolvimento com drogas ou pode vir de fatores sociais. É preciso estudar cada um desses crimes."
No ano passado, a região metropolitana de São Paulo registrou 49 chacinas, com um total de 167 mortes. Na capital, foram 30 casos. A polícia afirma que, destes 30, 18 foram esclarecidos.
A maioria dos crimes acontece nas regiões sul e leste da cidade. A Secretaria de Segurança diz ter determinado o reforço do policiamento nessas áreas mais violentas.
Ferrarini afirma que as determinações do secretário de Segurança, José Afonso da Silva, estão sendo seguidas à risca pela PM.
Desde abril do ano passado, a corporação também conta com uma coordenadoria específica para investigar esses casos.
Ligada ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), a coordenadoria de chacinas estima que o envolvimento com drogas, em especial o crack, seja o motivo de 60% dessas ocorrências na Grande São Paulo.
Procurado em sua casa, por telefone, o secretário José Afonso da Silva não foi localizado ontem para comentar as chacinas.

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