São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Pintores testam a tridimensionalidade

MÔNICA MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Famosos por suas telas ou séries de gravuras, Rubens Gerchman, Claudio Tozzi e Ivald Granato exibem o resultado de experiências tridimensionais ao lado dos escultores Caciporé Torres e Cleber Machado.
Eles participam da exposição "Cinco Versões da Tridimensionalidade", a partir de hoje no Museu Brasileiro da Escultura.
"A idéia é cotejar linguagens diferentes. A visão do pintor é bem diferente da do escultor, principalmente nas idéias sobre cor, passagens de luz e contrastes cromáticos. Os pintores na escultura trazem um tipo de humor", diz o curador Jacob Klintowitz, que selecionou as 40 obras expostas.
O pintor Gerchman, 53, traz 12 esculturas inéditas, em madeira e em ferro. Pintadas e muito coloridas, as peças em madeira são resultado de reciclagem e reincorporação de objetos e ferramentas abandonadas. As de metal são formas geométricas.
"A pintura é fluida, te esvazia, exaure. A escultura é um processo mais edificante, de construção", diz gerchman.
O artista plástico Cláudio Tozzi, 51, mostra um meio termo entre escultura e pintura em seus nove painéis ou "quadros-cenário".
"São quase esculturas. Mas permitem uma leitura de pintura. Acrescentam novidade à pintura com relações de espaço e luz com as projeções de uma forma sobre a outra", afirma Tozzi.
Ivald Granato, 46, traz esculturas "double-face" em madeira e ferro com rostos e figuras de animais. Já o escultor Cleber Machado, 58, mostra grandes formas geométricas em alumínio.
"Uso soldas de tungstênio e lâminas fora do circuito comercial porque trabalho em um ateliê dentro de uma fábrica da Companhia Brasileira de Alumínio. O escultor vive do apoio de indústrias porque o mercado de arte é tradicionalmente mais difícil para a escultura", afirma Machado.
As obras de Caciporé Torres, 60, um dos principais escultores do país, traz um diálogo entre uso de materiais e cor.
"É um escultor peculiar. Trabalha com séries fechadas, e não com produção constante. Escolhe cada vez um novo tema. Agora voltou à geometria, mas com outra perspectiva, usando alumínio e elementos de cor", diz Klintowitz. Segundo ele, os pintores são mais conhecidos, mas as grandes questões da arte dos últimos 30 anos passam pela tridimensionalidade.

Exposição: Cinco Versões da Tridimensionalidade
Inauguração: Hoje, às 20h
Quando: até 23 de março, diariamente, das 14h às 19h
Onde: Museu Brasileiro da Escultura, av. Europa, 218 (Tel. 011/881-8611)
Ingressos: R$ 5 (estudante paga meia)

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