São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Delegado do Pontal é investigado

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado-geral da Polícia do Estado de São Paulo, Antonio Carlos de Castro Machado, determinou ontem a apuração administrativa sobre a atuação do delegado de Sandovalina (SP), Marco Antonio Fogolin, no caso dos sem-terra detidos no Pontal.
O motivo da investigação interna é uma gravação, em fita cassete, na qual Fogolin propõe soltar quatro sem-terra presos em troca da entrega de José Rainha Jr., dirigente da entidade e principal líder no Pontal, que está foragido.
Com gravador oculto no paletó, Juvelino Strozake, advogado do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), gravou o diálogo que teve em 31 de janeiro com Fogolin na sala do juiz Fernando Florido Marcondes, na 2ª Vara Cível de Presidente Prudente. O juiz e o promotor Paulo Sergio Ribeiro estavam no encontro.
Corregedoria
Ontem, a Corregedoria de Polícia deu parecer sugerindo ao delegado-geral que apure com rigor.
A partir desse parecer, o delegado-geral determinou ontem mesmo que o delegado Luiz Roberto Ramada, do Departamento do Interior, inicie a investigação, que tem prazo de conclusão de 30 dias (prorrogáveis por mais 30).
Para o delegado-corregedor Roberto Maurício Genofre, assim Fogolin "terá condições de comprovar a veracidade de suas versões, se tiver condições de prová-las". "O que não pode ocorrer é tentar encobrir", disse.
Antes do parecer da Corregedoria, o ouvidor da Polícia já havia concluído que a proposta de troca partira mesmo de Fogolin e não do advogado do MST, como o delegado de Sandovalina chegou a dizer antes que a gravação se tornasse pública.
A decisão de apurar contraria a opinião dos delegados seccional de Presidente Prudente e do delegado regional. Ambos sugeriram o arquivamento do caso.
Dependendo do resultado, Fogolin pode receber desde uma advertência até a demissão. Uma eventual punição terá de ser aprovada pelo Conselho Superior da Polícia, que tem 16 integrantes.

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