São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Ex-ministro quer mudanças

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o economista João Sayad fizesse parte da equipe econômica do atual governo, mudaria duas coisas na implantação e condução do Plano Real.
"Não reduziria tão drasticamente as tarifas de importação, como foi feito. A abertura comercial seria gradual, 'à paulista', e não 'à carioca' ou 'à cearense', como foi feito", afirmou Sayad no debate promovido pela Folha.
Sayad disse também que não deixaria o câmbio valorizar-se tanto, como fez a equipe econômica do governo de FHC.
"Hoje cada dólar valeria, por exemplo, R$ 1,20, e seria anunciado, desde já, que daqui a um ano passaria para R$ 1,00. Isso, com certeza, retardaria as importações".
O economista lembra que, na época do Cruzado, o déficit público foi apontado como um dos motivos do fracasso do plano.
"Não acredito nisso; o que derrubou o Cruzado foi a impossibilidade de controlar o crescimento da demanda agregada".
E isso, segundo ele, serviu de lição para o Plano Real. "É melhor usar reservas cambiais, mesmo que especulativas, para conter a demanda. Na época, não tínhamos a quantidade de dólares que o atual governo dispunha ao lançar o Real", afirma o ex-ministro do Planejamento do governo Sarney e um dos responsáveis -com o ministro Dilson Funaro (Fazenda)- pela política econômica da época.
Sayad não acha que a política cambial, como vem sendo conduzida pelo governo, possa cooperar para um eventual fracasso do Plano Real.
Ele acredita também que a reforma fiscal não tem grande importância na continuidade da estabilização econômica do país.
"Nosso sistema tributário é muito bom, comparável ao dos países mais desenvolvidos do mundo. Para mudá-lo seria preciso alterar a Constituição, o que é difícil e, na minha opinião, desnecessário", disse.

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