São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Autor vê amadurecimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Dez anos de experiência com sucessivos choques e planos, na tentativa de acabar com a inflação crônica, deram ao Brasil a certeza de que ela só vai mesmo terminar com ajustes mais profundos na economia.
Esta é a opinião de André Lara Resende, um dos "pais" do Plano Cruzado, manifestada no debate ocorrido na última segunda-feira na Folha.
Lara Resende acredita que o sucesso do Real deve-se, em grande parte, à desvinculação das receitas e despesas do governo, o que foi feito por meio do FSE (Fundo Social de Emergência).
"Mas é preciso lembrar que a vinculação está prevista na Constituição e que o governo deve conseguir alterar isso no Congresso Nacional", disse.
Um ajuste fiscal profundo e definitivo é outro pré-requisito para o sucesso do Real e a continuidade da estabilização econômica, na opinião do economista.
"Sei que esta é uma tarefa árdua e difícil para o governo, mas que precisa ser feita, pois do contrário não há possibilidade de uma estabilização econômica definitiva no país."
Para Lara Resende, o fracasso do Plano Cruzado deveu-se, além do crescimento exagerado da demanda agregada, ao déficit público do governo.
"Não sabíamos, na época em que implantamos o choque, qual era realmente o déficit público do país", disse.
Segundo ele, o Real não corre esse risco.
Ao contrário de João Sayad, que ao citar os planos econômicos brasileiros excluiu aquele executado pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1990, Lara Resende ressaltou sua importância para a abertura da economia do país ao mercado externo.
"O Real foi feito com o aperfeiçoamento dos outros planos, aproveitando seus erros e acertos, inclusive o implantado no governo Collor", disse ele.

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