São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Professor questiona 'timing'

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem ter participado do Cruzado, o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Edward Amadeo preferiu falar sobre o Real, no debate promovido pela Folha.
E lançou a pergunta: É possível fazer um plano de estabilização econômica sem efeitos colaterais, indolor?
Sua resposta foi não.
Amadeo defendeu as restrições ao crédito e a abertura às importações como forma de conter a demanda, para evitar o fracasso do plano, como ocorreu no Cruzado.
Mas disse que podem ser discutidos o "timing" e a dosagem dessas medidas.
Como exemplo de "timing" errado, disse ele, "o controle ao crédito poderia ter sido feito antes, o que evitaria as medidas mais drásticas adotadas mais tarde".
Como exemplo de dosagem inadequada citou a excessiva apreciação do câmbio. "A política cambial, no segundo semestre de 94, foi desastrosa", afirmou.
Segundo ele a economia brasileira está hoje sobre o "fio da navalha". De um lado está o crescimento econômico e, de outro, a estabilização.
Amadeo disse que uma hipótese otimista é acreditar em grandes investimentos externos no país, que banquem o déficit da balança comercial. "Isso poderia tirar o Brasil do fio da navalha".
Mas ele acha que o governo será mais conservador e o crescimento da economia menor. "A consequência será a deterioração do mercado de trabalho", disse.
"Assim, se antes tínhamos o problema da inflação, hoje temos o do desemprego", afirmou.
Para combater o desemprego, deu duas alternativas. A primeira, segundo ele inadequada, seria a "volta da proteção do governo às indústrias nacionais, sem qualquer estratégia de longo prazo".
A segunda, que ele considera mais racional, seria tornar nossas indústrias mais competitivas no mercado internacional.

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