São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Políticos caçam internautas

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Ninguém está dizendo que a Internet terá um papel mais importante que a televisão ou os jornais nas eleições deste ano para presidente dos Estados Unidos. Mas alguns analistas acreditam que nas próximas, as do ano 2000, pode vir a ter.
O fato é que, no momento, a rede de computadores está presente na estratégia de campanha da maioria dos candidatos. Quem promete colocar o país na rota mais avançada tem de se associar ao que há de mais moderno.
Ainda que ser um cibercandidato diga respeito apenas aos eleitores que frequentam a rede mundial de computadores, uma pesquisa recente feita pela Votelink mostrou que essa fração do eleitorado deve ser levada em conta: é educada, tem opinião e renda suficiente para fazer contribuições.
Os nomes mais conhecidos entre republicanos e democratas já estão com endereço fixo na World Wide Web há algum tempo. Ali, cada candidato apresenta seu currículo, opiniões sobre assuntos polêmicos, videoclipes e fotos.
O senador Bob Dole, de 72 anos, tem uma página bem high-tech, com jogos e até um mousepad de presente para quem clicar US$ 25 de doação para a campanha. A assessoria de Dole diz que a idéia é que o candidato mais velho do time saia na frente, com o endereço mais arrojado.
Bill Clinton, que ainda não anunciou oficialmente intenção de se reeleger, não comprou espaço na rede. Quem quiser ter informações oficiais sobre o presidente, sua agenda, discursos, fotos ou até uma excursão virtual pela área executiva da Casa Branca, deve consultar a página da residência presidencial na rede.
O número de endereços políticos oficiais na Internet só perde para o de não-oficiais. Há centenas de páginas exclusivas de piadas, malhação, fofocas pessoais e indiscrições sobre o passado dos candidatos.
Ao contrário da vida real, no ciberespaço, candidatos absolutamente obscuros têm direito de se colocar lado a lado com os nomes mais prestigiados da temporada.
O endereço de Tom Shellenberg, um desconhecido republicano que sonha com a posição de candidato oficial do partido, é vizinho dos dois mais fortes, Bob Dole e Pat Buchanan.
Os partidos ocupam um terreno enorme na Internet. São diversas entradas, a dos comitês, de associações, convenções etc.
Até agora, o Partido Republicano é o que tem o endereço mais completo. Além do programa e de dados sobre o partido, já trabalha a possibilidade de trazer na tela, por exemplo, não só a opinião dos candidatos sobre um determinado documento apresentado pela Casa Branca como o próprio documento, se solicitado pelo assinante.
Nos Estados Unidos, onde o voto não é obrigatório, qualquer empurrãozinho pode ajudar. Ainda não é permitido ao eleitor votar de casa, pelo computador. Mas, com o volume de informação fornecido pela Internet, qualquer surfista da rede, por mais alienado que seja, vai acabar tomando partido.

Texto Anterior: Saiba como funciona a memória cache
Próximo Texto: Modem diminui ritmo com linha ruim
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.